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sábado, 8 de abril de 2017
Plano de saúde e tudo aquilo que você precisa saber
Atualmente apenas 25% dos brasileiros são atendidos pelas
operadoras de planos de saúde, sendo que 70% estão sob
a responsabilidade das empresas. O benefício mais valorizado
para os profissionais brasileiros, também é o mais caro e difícil
de sustentar. Interesses antagônicos, falta de educação
(relacionada a saúde) e a ética médica mercantilizada, trazem
à tona um sistema que precisa ser repensado pela sociedade,
já que a mistura destes ingredientes criou um modelo
insustentável financeiramente falando.
Um exemplo para tentar entender essa situação: recentemente
um conhecido adentrou no pronto socorro de um hospital cinco
estrelas em São Paulo, pois estava se sentindo muito cansado,
uma vez que havia exagerado na corrida matinal de dez
quilômetros. Ele acabou ficando quarenta e oito horas internado
na Unidade Semi-intensiva, porque de acordo com os médicos
que o atenderam, ele poderia sofrer uma recaída. Importante
salientar que o histórico médico dele era o melhor possível.
Só não ficou mais tempo, porque um médico amigo foi até lá
para libertá-lo.
Esta “precaução médica” gerou uma receita para o hospital e
um custo para a operadora próximo de R$ 8.000,00 (oito mil
reais), que será transferida para a conta da empresa através
de sinistro. Esta despesa criada de forma desnecessária pelo
corpo clínico do hospital e repassada para a operadora irá bater
no caixa da empresa na renovação do contrato.
Este caso é um exemplo de Interesses antagônicos onde você,
ao buscar auxilio rápido e resolutivo, encontra um fornecedor com
interesse diferente: o lento e paliativo. Infelizmente este fornecedor
tem a vantagem de conduzir o atendimento, isso faz com que muitas
vezes nos tornemos reféns de interesses comerciais. Acontecimentos
deste tipo impactam o setor. Dados estatísticos mostram que nos
últimos quinze anos a inflação médica ficou em 270%, três vezes mais
que a inflação (IPCA e IGP-M) usada nos reajustes comerciais e acordos
coletivos.
Com certeza, ao ler o que aqui relato, você irá pensar: “esse cara não
sabe o que está falando, pois ninguém vai a um hospital a passeio, sem
necessidade”. Me baseio na experiência de quase vinte anos no mercado
e garanto que você está enganado. Muitas pesquisas mostram que mais
de 60% dos casos atendidos em prontos-socorros são situações de
baixíssima gravidade e que poderiam ser resolvidos fora do ambiente
hospitalar, e de preferência em casa.
As operadoras de saúde possuem o papel de intermediarias, procuram,
através de processos (pouco eficazes), criar mecanismos que facilitem o
atendimento, na expectativa de que estas instituições de saúde, através
de protocolos médicos definidos, busquem a resolutividade do problema
no menor custo possível.
Infelizmente esta tarefa se torna uma obra impossível de ser realizada uma
vez que será o médico, orientado pela visão mercantilista do hospital, que
irá construir a conta que será paga pela operadora e repassada ao sinistro
da empresa, já que ao entrar no hospital você alimentou um modelo
ineficiente e até mesmo inconsequente.
O que você deve fazer para tentar minimizar esses impactos
O que você precisa saber é que neste momento sua saúde torna-se uma
mercadoria valiosa a ser negociada. É importante termos educação para
a saúde, não podemos terceirizar decisões que nos cabem, com o
pensamento errôneo de que apenas a empresa está bancando grande
parte desta conta. Esta forma de pensar, com certeza, alimenta a extinção
do sistema de saúde suplementar no Brasil.
Conhecer nosso corpo, histórico familiar de doenças, hábitos nada
saudáveis, o eterno sedentarismo e entender o impacto destas escolhas
em nosso organismo é antes de tudo uma obrigação que devemos com
nós mesmos. Educação para saúde começa com muitas perguntas,
observação, percepção e acima de tudo autoconhecimento. Passar a
acompanhar e entender como este mercado funciona e o que precisamos
saber para usá-lo corretamente evitando desperdícios e assim aumentar
sua resolutividade é de suma importância.
Descubra um médico de que goste, confie e dê a ele o titulo de “médico
de família”, aquele personagem da época de nossos pais e avós e tão
demandados nos dias de hoje. Este é para mim o ponto principal a ser
explorado, pois através dele poderá evitar uma série de transtornos e
perda de tempo.
Peça para sua operadora uma indicação, uma vez que hoje os principais
programas de prevenção à saúde têm como base o médico de família.
Sempre procure uma segunda opinião médica em caso de indicações
de cirurgias ou tratamentos de alta complexidade, elas são vitais para o
sucesso do seu tratamento. Um estudo realizado pelo hospital Albert
Einstein demonstra que quase 60% das cirurgias de colunas indicadas
eram desnecessárias.
Preste atenção cada vez que for assinar um documento hospitalar ou
laboratorial. Questione o que esta assinando e a necessidade do
procedimento. Médico não é Deus e assim como nós, também erra.
Faça sua parte, estude sua situação. O Google pode ajudar com isso.
Discussões com conteúdo ajudam no diagnóstico e aceleram o
prognóstico. Use o aplicativo da operadora do seu plano de saúde e
baixe também aqueles que ajudarão na prevenção e promoção da
saúde. Incentive e cobre de sua empresa ações de orientação,
comunicação e participe dos programas de prevenção e promoção
à saúde.
Enquanto a economia compartilhada e a inteligência artificial não se
fazem presentes e disponíveis, façamos a nossa parte para que ao
invés de elitizarmos a saúde possamos ajudar expandir sua atuação,
permitindo que os tratamentos necessários sejam acessíveis a todos.
Se pelo menos uma parte dessas sugestões forem colocadas em
prática, tenho certeza que os interesses antagônicos se tornarão
interesses comuns beneficiando todos.
*Sobre o autor: Ricardo Lopes é Diretor da unidade de Consultoria
e Gestão de Benefícios da ProPay. Administrador de Empresas
formado pela FEA - USP com pós no CEAG – FGV, Lopes tem a sua
atuação focada em Plano de Saúde, Assistência Odontológica,
Seguro de Vida e Previdência Privada. Acesse: www.propay.com.br
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