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domingo, 31 de outubro de 2021

Einstein e Institute for Healthcare Improvement reúnem especialistas para discutir cenário da saúde pós-pandemia

 


28/10/2021

‘Em busca do novo normal’ é o tema central do 6º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde, encontro virtual que acontecerá nos dias 4 e 5 de novembro e reunirá experts nacionais e internacionais para discutir o cenário pós-pandemia. O evento on-line será realizado pela Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein, em parceria com o Institute for Healthcare Improvement (IHI).

Com base em três principais pilares – Construindo a Nova Era com Valor, Atenção Primária & Saúde Populacional e Equidade -, a ideia do encontro é promover uma reflexão sobre o sistema de saúde do futuro, com o compartilhamento de experiências de especialistas em gestão de saúde, qualidade, segurança assistencial e experiência do cuidado centrado na pessoa. Além dos debates, haverá apresentação de programas bem-sucedidos de diferentes países, que buscam melhorar a experiência do paciente e ampliar o acesso à saúde.

“Desde 2015, o Einstein e o IHI vêm promovendo importantes iniciativas e discussões que envolvem profissionais comprometidos com a melhoria da qualidade e segurança do atendimento em saúde na América Latina. As diferentes perspectivas trazidas por pacientes, prestadores de serviço da linha de frente, diretores de operadoras e CEOs são fundamentais para que encontremos as melhores soluções para garantir a saúde do futuro”, destaca Dr. Miguel Cendoroglo Neto, Diretor Médico e Superintendente do Einstein.

Participarão do encontro três lideranças da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Dr. Claudio Lottenberg, Presidente do Conselho Deliberativo, Dr. Sidney Klajner, Presidente, e Henrique Neves, Diretor Geral, além de Kedar Mate, médico e CEO do Institute for Healthcare Improvement (IHI). O evento contará com painéis sobre o impacto e desafios em saúde populacional, a importância da relação entre qualidade e equidade, cuidado em saúde além do hospital, qualidade e segurança do paciente, sustentabilidade do cuidado na saúde, entre outros temas.

Na ocasião, também estarão presentes Donald M. Berwick, um dos principais acadêmicos, professores e defensores da melhoria contínua dos sistemas de saúde no mundo, membro do corpo docente da Harvard Medical School e fundador do Institute for Healthcare Improvement (IHI), e Gary Kaplan, principal executivo da Virginia Mason Franciscan Health e vice-presidente sênior da Common Spirit, reconhecido como um dos executivos médicos mais influentes na área da saúde.

O fórum será transmitido ao vivo e terá tradução simultânea para três idiomas: português, inglês e espanhol.

Sessões prévias

Nos dias 1 e 2 serão realizados pré-cursos com profissionais da área sobre LGPD em Saúde, Saúde Baseada em Valor, Metodologias de Gestão de Projetos em Saúde e Equidade, além de sessões especiais com lideranças do futuro.

Já no dia 3, haverá uma agenda fechada para conferências com lideranças de Enfermagem e com líderes de saúde na América Latina, incluindo Ministros da Saúde e CEOs, que discutirão soluções para o futuro dos sistemas de saúde após a pandemia, tendências e perspectivas que moldam a visão das Organizações de Saúde e temas relacionados.

Inscriçõesihi.ensinoeinstein.com


sábado, 30 de outubro de 2021

Medicamentos para controle de pressão e colesterol pode reduzir casos de AVC e demência


 

28/10/2021

Por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) e em parceria com o Ministério da Saúde, o Hospital Moinhos de Vento iniciou um novo estudo de impacto internacional, o PROMOTE AVC. Com atuação inicial em oito unidades de saúde de Porto Alegre (RS) – em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde -, o projeto irá avaliar se o uso de uma polipílula com a combinação de medicamentos para controlar a pressão e o colesterol, isolada ou associada à modificação do estilo de vida, é capaz de reduzir o número de casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a taxa de demência em pessoas de 50 a 75 anos com baixo a moderado risco de doenças cardiovasculares. A segunda etapa envolverá 60 unidades de saúde do SUS espalhadas por todas as regiões do país.

Serão avaliados pacientes, considerados relativamente saudáveis, porém, que tenham pressão arterial sistólica limítrofe entre 120 e 139 mmHg e que tenham, pelo menos, um dos quatro fatores de risco comportamentais que aumentam as chances de desenvolver as doenças citadas, como excesso de peso, dieta desequilibrada, sedentarismo e uso do cigarro. De acordo com Brunna de Bem Jaeger Teló, neurologista cognitiva e líder operacional do projeto, os participantes serão divididos em grupos com diferentes estratégias de prevenção, como mudança no estilo de vida e monitoramento por meio do aplicativo Riscômetro, desenvolvido pela Universidade da Nova Zelândia; ou monitoramento pelo aplicativo associado ao uso da polipílula; apenas uso da polipílula; ou apenas a mudança no estilo de vida.

“Muitas dessas pessoas que têm demência, declínio cognitivo e AVC, poderiam ter evitado essas condições com mudanças em seu estilo de vida – o que será um dos nossos maiores desafios. Por isso, o projeto conta com uma ampla área de abrangência e foca na prevenção e em educar esses pacientes, visto que vamos explicar a eles sobre os riscos, causas e como evitar. Em relação aos impactos no SUS, além de possivelmente reduzir os casos de AVC, vamos também avaliar o custo-efetividade para saber quanto economizamos ao atuar com medidas de prevenção”, afirma.

Iniciativa HEARTS

Em paralelo à execução do Projeto PROMOTE, ocorrerá a implementação da Iniciativa HEARTS, um programa assistencial da Organização Mundial de Saúde/Organização Panamericana de Saúde, aderido esse ano pelo Ministério da Saúde. O programa visa a otimização da assistência primária à saúde para diminuir a incidência de doenças cardiovasculares, como Infarto Agudo do Miocárdio e AVC. Essa otimização se dará por meio da adaptação do sistema de saúde existente às melhores práticas segundo evidências clínicas e também da capacitação das equipes, desenvolvimento de fluxos de atendimento e tratamento dos pacientes.

Casos podem ser evitados

Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que 13,5 milhões de pessoas sofrem um AVC todos os anos no mundo, e já somam 80 milhões aqueles que sobreviveram a um AVC, enquanto 55 milhões convivem com demência atualmente. Em setembro deste ano, a OMS alertou que estes casos devem aumentar para 78 milhões em 2030 e 139 milhões em 2050. A agência internacional associa, ainda, a demência a uma série de doenças e lesões que afetam o cérebro, como doença de Alzheimer ou AVC, afetando a memória e outras funções cognitivas, bem como a capacidade de realizar tarefas diárias.

Sheila Martins, idealizadora do projeto e chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, acrescenta que cerca de um em cada dez pacientes com um primeiro AVC já tem demência no início do evento e 30% terá demência após 1 ano.

“Embora sejam consideradas as segundas causas de morte e de incapacidade mais comuns em todo o mundo, mais de 90% dos casos de AVC e 30% dos de demência podem ser prevenidos com controle dos fatores de risco cardiovasculares. O aumento do número destes casos em todos os países fornece evidências de que, atualmente, as estratégias primárias de prevenção, que incluem aquelas voltadas para a população de alto risco, não são suficientemente eficazes. Acreditamos que a prevenção é possível por meio de estratégias mais acessíveis implementadas na atenção básica e direcionadas à população de baixo a moderado risco cardiovascular, ressalta.

 


sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Hospital São Vicente recebe doação de bonecas que auxiliarão no acolhimento de pacientes infantis


 

28/10/2021

Na manhã da última quarta-feira (27), o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), com apoio do Time de Humanização, recebeu a doação de 10 bonecas de pano feitas à mão pelo grupo voluntário Projeto Bunekas, de Jundiaí (SP). As bonecas serão entregues para crianças que realizam procedimentos cirúrgicos na unidade. A ideia tem por fim contribuir com o acolhimento e a humanização na assistência aos pacientes.

O processo de separação entre os pais e a criança, no momento da cirurgia, é difícil para ambas as partes e, pensando na possibilidade de oferecer conforto emocional e físico à criança, as equipes do centro cirúrgico e anestesiologia do hospital, se reuniram para promover, com o auxílio das bonecas, um ambiente calmo e seguro para esse paciente. A partir de um consenso criado entre as equipes, os mesmos entraram em contato com o Projeto Bunekas, que por meio de insumos como tecidos e linhas arrecadados pelos colaboradores, ofereceram mão de obra voluntária para confecção.

Karine Barbosa Placco Silva é uma das representantes do grupo e explica a origem do projeto. “Tudo começou com uma viagem à África em 2017, feita pela supervisora e psicóloga do grupo, Michelli Bordinhon. Ao se deparar com um cenário delicado, onde crianças ainda pequenas já trabalham, deixando de lado sua infância e todas as boas coisas de ser criança, Michelli teve a ideia de confeccionar bonecas para entregar as meninas e bolas para os meninos, com intuito de cultivar momentos de descontração durante a infância, incentivando a criatividade. Com roupas, sapatos e turbantes coloridos, ela trabalha preservando a cultura deste povo. As bonecas ainda são entregues com bilhetes escritos ‘você é linda’, a fim de promover a autoestima”.

A coordenadora do centro cirúrgico, Amanda Bueno, compartilha em nome da equipe o sentimento de gratidão. “Poder receber uma doação como essa e saber que podemos contar com as pessoas que fazem o bem é fortalecedor e nos auxilia neste momento delicado. Agradecemos a todos os membros do grupo que se dedicaram na confecção das bonecas, vocês estão fazendo o bem de uma maneira alegre e trabalhando com muito amor. Acreditamos que o processo de cura começa com um simples gesto e, graças a este projeto, teremos a oportunidade de fazer a diferença neste momento”.

Karine ainda conta que as bonecas são confeccionadas com essência de bergamota, uma fruta cítrica disponível apenas uma vez ao ano no continente africano, e que traz boas memórias para esta cultura. A voluntária compartilha que ao longo dos anos foram entregues 10 mil bonecas, vestidos e calcinhas nos países da Angola, Burkina Faso, Guiné-Bissau, Malaui, Mali, Moçambique, Quênia, Senegal, Tanzânia e Tunísia. O objetivo é atingir a todos os países africanos.

Artigo – Medicina 5.0 demanda soluções criativas e conectividade para melhorar experiência do paciente



 28/10/2021

Em 2020, o planeta foi acometido pela maior crise de saúde que se tem registro desde a Gripe Espanhola, trazendo preocupação e gerando um reflexo na área da saúde, especialmente no que se referia ao atendimento do paciente. Para atender os novos desafios que a pandemia trouxe, a medicina precisou se reinventar e trazer ainda mais para o debate a conexão entre tecnologia e saúde, que não é recente e já vinha acontecendo há alguns anos.

O principal assunto dentro dessa ligação entre os dois é a questão da inovação que nos faz chegar à chamada Medicina 5.0 que envolve alguns pontos importantes rumo à digitalização como uma infraestrutura de conectividade, novas tecnologias, telemedicina e a jornada do paciente, onde ele passa a ser o centro de todo o sistema.

A telemedicina é um dos grandes exemplos do avanço da conectividade durante a pandemia: uma ferramenta pouco conhecida no passado, que apareceu como solução para o futuro ao ser autorizada no país em caráter emergencial. Com a adesão à tecnologia, pacientes e profissionais de saúde puderam dar continuidade aos cuidados, mesmo que a distância.

Enquanto no primeiro período de medidas restritivas da pandemia, em 2020, houve uma queda de 50% nas consultas presenciais, no segundo lockdown, agora em 2021, a redução foi menor que 1%. É o que aponta levantamento da Doctoralia, revelando que a telemedicina foi muito bem aceita entre os brasileiros e que chegou para ficar.

O resultado positivo pode ser medido em números. Entre os brasileiros que já utilizaram a telemedicina, 85% consideram a experiência boa ou ótima. E embora não substitua a medicina presencial, o formato virtual complementa e facilita o acesso à saúde, resolvendo questões distintas e direcionando de maneira muito mais racional casos que realmente precisam ir para a consulta presencial.

Além da telemedicina, o surgimento de startups que desenvolvem tecnologias para melhorar a experiência do paciente e de todo o ecossistema da saúde aumentam ainda mais a ligação entre a medicina e a inovação.

Com foco no digital, essas healthtechs atuam em várias frentes, desde aplicativos de agendamento de consultas, telemedicina e até mesmo gestão de negócios. A Doctoralia, por exemplo, está entre as startups em ascensão e chama atenção por suas soluções que garantem um ambiente seguro ao paciente digital e promovem a melhor experiência deste usuário.

O modelo mais prático agrada o paciente e, ao mesmo tempo, o perfil humanizado de atendimento contribui para que os usuários fiquem mais satisfeitos e, consequentemente, retornem a plataforma em outros momentos, gerando a chamada fidelização.

A automação de processos oferecida por um sistema de agendamento online e relacionamento com o paciente, como o Doctoralia Clínicas e TuoTempo, por exemplo, promovem mais autonomia ao paciente ao mesmo tempo em que recepcionistas otimizam a rotina de trabalho e conseguem dedicar mais tempo e atenção a quem está na sala de espera, já que a marcação online de consultas e a disponibilização de informações relevantes na internet evita ligações telefônicas desnecessárias.

Além disso, o relacionamento entre os centros médicos e seus clientes se torna mais próximo e duradouro por meio dos lembretes de agendamento, pesquisas de satisfação, mensagens de agradecimento e dicas de saúde.

Com isso, é cada vez mais claro que as estratégias que colocamos em prática tornam a jornada do paciente, em cada etapa em que ela acontece – seja no digital ou no presencial, – mais humanizada e ajudam a identificar melhorias que possam trazer mais benefícios para a saúde moderna.

Cadu Lopes é CEO da Doctoralia no Brasil, Chile e Peru

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Programa reduz em mais de 40% níveis de tabagismo e hipertensão entre colaboradores

 


27/10/2021

O Programa Saúde Integral do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, focado na atenção à saúde do colaborador e seus dependentes registrou queda nos níveis de fatores de riscos da saúde entre os profissionais da Instituição do nos últimos dez anos. Tabagismo e hipertensão, por exemplo, foram reduzidos em 43% e 42% respectivamente, enquanto a dislipidemia (elevação do colesterol ou gordura no sangue) teve queda expressiva de 46%. O estresse também foi reduzido em 19%.

Segundo o Dr. Leonardo Piovesan, Gerente Médico do Saúde Integral, os indicadores positivos refletem a gestão do cuidado de forma integrada, realizada por uma equipe multidisciplinar, composta por médico de família, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas.

“A evolução na saúde dos nossos colaboradores demostra que o caminho é atenção primária como coordenadora do cuidado. Nesse formato cerca de 90% dos casos são conduzidos pelo médico da família. E essa alta taxa de resolução da atenção primária evita que o paciente passe por vários médicos e faça exames repetidos, não onera o sistema como um todo resulta e, o mais importante: permite um melhor cuidado paciente”, explica.

Outros dados comprovam o sucesso e adesão do Saúde Integral, mesmo em ano de pandemia, cerca de 86% dos colaboradores fizeram o exame médico periódico em 2020, e 95% das colaboradoras gestantes participaram do Gerar, núcleo que oferece atendimento multidisciplinar e que auxilia no autocuidado durante todo o processo de gestação.

Para assegurar o monitoramento em tempo real desses indicadores o Programa conta com a plataforma Sabes®, um banco de dados onde são registrados os hábitos de vida, histórico médico que auxiliam ao médico a conhecer melhor cada indivíduo e definir um plano de cuidado adequado ao seu perfil e sua necessidade. Atualmente, 12.500 vidas, entre colaboradores do Hospital e de outras empresas parceiras são monitoradas pelo Saúde Integral.

De acordo com o Dr. Leonardo, os atendimentos do Saúde Integral cresceram durante a pandemia. O número de teleconsultas aumentou em 300% entre março e abril de 2020. No cenário atual, 25% das consultas são realizadas por meio de telemedicina, sendo 90% destes atendimentos de psicologia, nutrição e assistência social. No formato presencial são realizadas 75% dos atendimentos, como exames médicos ocupacionais, fisioterapia, entre outros. Antes da pandemia, apenas 1% das consultas eram feitas por telemedicina.

Saúde Mental dos colaboradores

No âmbito da saúde mental, o Programa Saúde Integral também registrou redução de 19% nos níveis de estresse entre seus colaboradores. No último ano, foram 644 atendimentos em psicologia, 572 atendimentos de psiquiatria e 122 de coaching para gerenciamento do estresse, com adesão de 30% da comunidade do Hospital. O programa conta com um núcleo dedicado ao mapeamento de sintomas de cansaço, depressão e ansiedade a fim de prevenir a piora do quadro clínico e de acolher os colaboradores em estado de sofrimento que precisam de apoio dentro da Instituição.

Para desconstruir o tabu que rodeia o assunto, sensibilizar e esclarecer sobre os sintomas e consequências dos principais transtornos psicológicos como o estresse, a ansiedade e a depressão, assim como dependência química e Burnout, os colaboradores recebem, periodicamente, materiais didáticos e de conscientização pelo celular e por canais institucionais. Para auxiliar no diagnóstico e no acompanhamento individual, a cada seis meses é enviado para todos os colaboradores um questionário digital para preenchimento, que são sigilosos, com o uso de instrumentos validados cientificamente, para realizar o mapeamento populacional. Ao término da pesquisa, o colaborador é encaminhado para o tratamento de acordo com seu diagnóstico. A iniciativa também conta com atuação da psicologia em áreas mapeadas como críticas, com a finalidade de acolher a equipe e desenvolver habilidades antiestresse, como a resiliência, além de incluir neste processo a participação da liderança.

Para Piovesan, saúde mental é, hoje, segundo a OMS, a segunda maior causa de afastamentos entre colaboradores no mundo todo, perdendo apenas para os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). “Por conta do atual momento, acredita-se que os profissionais da linha de frente da Covid-19 são os mais acometidos por doenças psíquicas ou os mais sobrecarregados. Porém, muitos profissionais estão tendo dificuldades em lidar com a dupla jornada, cuidado da casa, família e filhos, além do acúmulo de reuniões”, pondera o médico.

“O Saúde Integral já contava com atendimento psicológico, mas diante dos números de casos crescendo no mundo todo, criamos um atendimento exclusivo para tratamento de doenças mentais, para assegurar que os colaboradores do Hospital tenham uma vida mais equilibrada e saudável. Partimos da premissa de que quem é bem cuidado cuida melhor. Por isso, também ampliamos as iniciativas de acolhimento e prevenção”, complementa.

Empresas

Reconhecido internacionalmente pelo Global Centre for Healthy Workplace e pelo Prêmio Nacional Qualidade de Vida (PNQV) em 2017 e 2012, respectivamente, e que alçou a Instituição ao Melhores Empresas Gestão Saudável 2021 do Great Place to Work, o Saúde Integral está disponível para empresas que necessitam de apoio para realizar a gestão de seus colaboradores. A consultoria é customizada conforme as necessidades e características de cada organização, abordando pontos como a orientação e adequação das medidas sanitárias para a retomada de serviços presenciais, a implementação do cuidado na atenção primária com equipe de enfermeiros, psicólogos e médico da família, o diagnóstico, tratamento e monitoramento da saúde dos profissionais.

De acordo com o gerente médico do Saúde Integral focar na atenção básica e levá-la para dentro das empresas traz a oportunidade de obter um cuidado integral do colaborador, tendo um médico da família como referência, com um olhar mais amplo. “Essas parcerias ampliam o conhecimento sobre a importância da atenção primária, na coordenação do cuidado, e que entrega um melhor resultado em saúde”, declara.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

 



27/10/2021

O Hospital Esperança Recife (PE) inaugura uma nova Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) voltada exclusivamente para o público idoso. O diferencial é que os pacientes ficarão em ambientes individuais e com a presença de acompanhantes 24 horas por dia. São espaços que se assemelham aos apartamentos de internação, porém munidos de todos os equipamentos da UTI e com a presença de equipes multidisciplinares especializadas.

Atualmente, mais da metade dos pacientes internados na UTI Geral são idosos. Percebendo os cuidados especiais que esse público demanda, o hospital criou uma nova unidade diferenciada de internação. Experiências mostram que os pacientes, quando estão acompanhados por familiares, mostram-se mais dispostos a aceitar o tratamento, além de permanecerem mais tranquilos durante a internação.

A proposta da nova UTI é deixar o paciente com sua rotina a mais próxima possível das atividades que ele tem em casa, mantendo hábitos como horários de remédios e companhias. Esse bem-estar que o paciente sente reverte em um tratamento mais eficaz, inclusive com uso mais racional de medicamentos, evitando ao máximo efeitos colaterais indesejados que, nos idosos, são mais frequentes por questões fisiológicas.

“Os pacientes terão mais privacidade e mais personalização do atendimento durante a internação, sempre acompanhado por profissionais capacitados e que têm mais afinidade com o atendimento ao idoso. As equipes multidisciplinares seguem se comunicando constantemente, para melhor atender ao paciente de forma mais eficaz”, relata a coordenadora da UTI Geral do Hospital Esperança Recife, Mariza da Fonte.

O Hospital Esperança Recife já possui um atendimento diferenciado em internação em apartamento para os pacientes geriátricos. Um andar inteiro é dedicado ao público, com equipe multidisciplinar especializada, formada por geriatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros e nutricionistas. A integração de especialidades permite que os pacientes recebam alta hospitalar sem declínio de suas habilidades físicas e, consequentemente, da qualidade de vida.


Artigo – Saúde e compliance na era da governança de riscos



 27/10/2021

Os desafios e pressões enfrentados pelo setor de Saúde devido à crise da Covid-19 terão efeitos significativos sobre a necessidade, já inerente ao setor, de aumentar o nível de maturidade de programas de Governança, Riscos e Compliance (GRC). Maiores exigências em relação à gestão de riscos e conformidade refletem na implementação de programas dinâmicos, robustos e altamente tecnológicos.

Tal tendência é confirmada pelos dados expostos no relatório “O mercado Global de Governança, Riscos e Compliance até 2025” desenvolvido pela Bravo Research, braço de pesquisa qualificada e insights da Bravo GRC, e publicado em julho deste ano. Segundo o levantamento, o mercado de GRC no Brasil terá um crescimento anual médio de 10,8% para o setor de Saúde entre 2019-2025, atrás apenas do setor Bancário-Securitário, que deverá crescer 11,6%, conforme demonstra o quadro a seguir.

No mundo, em termos absolutos, o setor de Saúde poderá se tornar o segundo maior em mercado após 2025, com projeções de U$ 7,5 bilhões, enquanto Bancário-Securitário e Manufatura aparecem com projeções de U$ 10,3 bilhões e U$ 7,6 bilhões já em 2025, respectivamente.

A pesquisa “2021 Healthcare Compliance Benchmark Survey”, conduzida pela SAI Global em parceria com a Strategic Management Services nos Estados Unidos, trouxe à tona dados muito relevantes sobre a área de Hospitais e Instituições da Saúde, os quais corroboram com as tendências trazidas pelo levantamento da Bravo Research e ainda revelam findings cruciais como a preocupação com a privacidade de dados e registros médicos dos pacientes. Tendo em vista o contexto de pandemia, o aumento exponencial da quantidade de informações coletadas pelo setor em razão da avalanche de atendimentos e internações é um forte fator explicativo. Seguindo a mesma lógica, a gestão dos gastos e conformidade regulatória aparecem como segunda e terceira top prioridades.

Em meio à crise da Covid-19, o estresse sofrido pelo setor evidenciou pontos críticos para o gerenciamento de riscos, não somente atrelados ao compliance e privacidade de dados (legislações, normas e regulamentos diante de um fluxo enorme de procedimentos e dados), mas também financeiros e de gestão dos recursos. Tais pontos têm reflexo nas principais iniciativas para 2021 notadamente relacionadas à privacidade de dados, cybersecurity, auditoria, riscos regulatórios e implementação de softwares e tecnologias.

No entanto, apesar das prioridades serem claras, as empresas do setor de Saúde ainda têm um longo caminho a percorrer para garantir o cumprimento das etapas e, efetivamente, atingir tais prioridades. Todo este cenário emergente de iniciativas, prioridades e identificação de riscos está sendo imposto por uma profunda transformação cultural que unifica tecnologia, as ameaças na área de segurança de dados, o compliance e a governança.

Mergulhar nesta transformação implica alto nível de treinamento e metodologias renovadas. Os serviços de treinamento figuram como prioridade no planejamento de contratação de serviços terceirizados. Contudo, o processo de avaliação de aderência à “cultura do compliance” ainda deixa larga margem para aperfeiçoar-se. Sobre este tema, a pesquisa da SAI Global revela que 71% dos respondentes aplicam avaliações exclusivamente internas para acessar seu grau de aderência à “cultura do compliance”, enquanto apenas 29% elaboram avaliações através de processos independentes de análise por partes de fora da organização, como por exemplo a contratação de auditorias externas.

As metodologias empregadas para identificar, analisar e direcionar os riscos enfrentados pela organização são bastante variadas, conforme revelou a pesquisa da SAI. Para aprimorar os Sistemas de Gestão da Aprendizagem e compliance dentro das instituições, as empresas de Saúde apostam em metodologias de treinamento que permeiam o ambiente de trabalho a todo instante, o que inclui treinamentos ao vivo, online, por e-mail ou até por newsletters.

O setor de Saúde é extremamente sensível à gestão e privacidade dos dados, principalmente pelo rápido aumento do volume de dados que passa a ter acesso. Além disso, este setor deve colocar sua energia no estabelecimento de uma governança aberta que seja capaz de abraçar a gestão, a visibilidade dos riscos, além de um programa de compliance efetivo, evitando assim vazamento de dados e descasamentos financeiros que podem provocar desequilíbrio das contas e colocar a saúde e a reputação da empresa em risco.

Suelen A. da Silva é Research Coordinator na Bravo GRC, Mestre em Estratégia Empresarial pela FGV EAESP, com especialização em estratégia para negócios sustentáveis pela Harvard Business School

Ísis Camarinha é Analista de Research na Bravo GRC, Doutora em Economia Política Internacional pela UFRJ e Mestre em Economia pela PUC-SP

 

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Cientistas identificam enzimas que podem ser ferramentas para combater resistência a antibióticos

 


26/10/2021

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) determinaram a estrutura e a função de duas enzimas envolvidas na produção de gentamicinas pela bactéria de solo Micromonospora echinospora, responsáveis por tornar esse antibiótico menos suscetível à resistência das bactérias. O conhecimento produzido pelo grupo pode servir de base para modificar outros antibióticos da mesma classe, os aminoglicosídeos, tornando-os capazes de contornar a resistência desenvolvida pelas bactérias e diminuindo a sua toxicidade, o que permitiria um uso mais abrangente desses fármacos. O trabalho, financiado pela FAPESP e que fez parte da tese de doutorado de Priscila dos Santos Bury, foi publicado na revista científica ACS Catalysis.

A gentamicina é frequentemente utilizada na forma de cremes e pomadas para tratamento de infecções tópicas, mas não costuma ser aplicada para tratar infecções internas por ser tóxica para o ouvido e para os rins. É considerada um antibiótico injetável de último recurso, para casos de infecções muito resistentes. “Os aminoglicosídeos foram descobertos na década de 1950 e tratam diversas infecções bacterianas sérias, como a tuberculose. Por serem moléculas mais antigas e já terem sido amplamente utilizadas, as bactérias já adquiriram resistência a muitas delas”, explica o professor Marcio Vinícius Bertacine Dias, coordenador do estudo e responsável pelo Laboratório de Biologia Estrutural Aplicada do ICB.

Feita em colaboração com cientistas da Universidade de Wuhan, na China, e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, a pesquisa focou em identificar quais eram as enzimas que realizam as últimas modificações na biossíntese das gentamicinas, tornando-as capazes de driblar a resistência das bactérias e manter a sua eficácia – característica que é única dentro de sua classe. O estudo identificou a estrutura e função das enzimas GenB3 e GenB4, que são muito similares, mas catalisam reações totalmente diferentes, algo raro dentro da bioquímica.

Antibióticos mais eficazes – A partir dessa descoberta, é possível pensar em duas estratégias para aprimorar os antibióticos futuramente: através da biocatálise, utilizando as enzimas para tentar modificar os compostos já existentes in vitro, ou da biologia sintética, introduzindo os genes responsáveis pela expressão dessas enzimas em outros microrganismos, como bactérias e leveduras, para produzir novas estruturas de antimicrobianos. “Já existe uma tendência na indústria farmacêutica para tentar modificar antibióticos por biocatálise ou biologia sintética e torná-los menos sensíveis à resistência. Com esses estudos, será possível selecionar as características boas de cada molécula e produzir uma molécula que seja menos tóxica e mais eficaz”.

A necessidade de desenvolver novos antibióticos ou adaptar os fármacos atuais é cada vez mais urgente, já que as bactérias evoluem em uma velocidade maior que a ciência. “As bactérias criam resistência aos antibióticos em um período de dois a três anos, enquanto a produção de novas moléculas pode durar até 20 anos. É preciso investimento para acelerar estudos como os nossos e desenvolver fármacos mais eficazes, se não os antibióticos podem se tornar obsoletos. E assim voltaríamos a ter mortes por infecções que hoje são facilmente tratadas”, ressalta o pesquisador.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Tecnologia pode ser aliada no enfrentamento de desafios na área da saúde



 25/10/2021

O crescimento populacional, a desigualdade no acesso e gastos que aumentam a cada ano são desafios na área da saúde em todo o mundo. Para mudar esse cenário e nos preparar para o futuro, especialistas explicam que é necessário repensar a forma como fazermos saúde. “Em 2017, a OMS deixou claro que não temos tempo hábil para formar mais médicos e acompanhar a demanda mundial da saúde”, disse Guilherme S. Hummel, head mentor no eHealth Mentor Institute (EMI), durante a palestra ‘Tecnologia associada à força de trabalho na saúde e os desafios da usabilidade’, realizada no Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp). A mesa também contou com Eduardo Cordioli, gerente médico do Hospital Israelita Albert Einstein, Robson Capasso, reitor associado, chefe de cirurgia do sono e professor da Universidade de Stanford e Romeu Cortes Domingues, conselheiro Anahp, presidente-executivo do Conselho de Administração da DASA e moderador do debate.

O professor da Universidade de Standford trouxe dados de pesquisas realizadas nos Estados Unidos que nos permitem traçar alguns panoramas e conclusões, ainda que cada país tenha suas especificidades. “De tudo o que se gasta com saúde globalmente, 78% são consumidos por apenas 18% da população e, observando os Estados Unidos, existe uma disparidade no acesso à saúde e não existe quem pague os gastos financeiros, que a cada ano aumentam mais”, diz Robson Capasso.

Uma importante questão é também o crescimento populacional, que traz impactos em diversos setores e principalmente o da saúde, uma vez que todo individuo em algum momento da vida precisará de atendimento médico. “O déficit de acesso da saúde no mundo é o que causa a inflação de custeio na área médica e é um fator incontrolável até o final do século, pois não existirá um equilíbrio entre a demanda e a oferta. Precisamos nos planejar para uma cultura em que a função médica será mais de instruir e educar, do que de cuidador, pois precisamos que os indivíduos sejam mais independentes e conheçam a saúde básica”, complementa Guilherme Hummel.

Sobre os gastos na área da saúde, é possível traçar uma relação entre os países que gastam mais e o modelo de gestão utilizado. “Em países como França, Inglaterra e Alemanha, até os 65 anos de idade se gasta mais em saúde por pessoa do que nos Estados Unidos e, ainda assim, estes têm um gasto reduzido pela metade ao compararmos com o último país. A partir disso, vemos que esses países da Europa são geridos a partir de uma cultura preventiva e não reativa, mostrando que a medicina preventiva é capaz de detectar fatores de risco antes de um evento agudo, com isso o esforço e gastos feitos na prevenção é menor do que os feitos após a manifestação do evento”, explica Eduardo Cordioli.

Os palestrantes concordam que para atendermos às necessidades globais de saúde precisaremos atuar em times multidisciplinares, com variedade de médicos e outros profissionais, como os programadores e cientistas de dados. Uma solução proposta foi a educação da população para desde cedo conhecermos a saúde básica, garantindo maior independência e diminuindo a demanda na saúde. Além disso, citaram também a importância da telemedicina nesse processo e como os médicos precisam constantemente se educar para oferecerem atendimentos eficazes através das tecnologias.

Pandemia mostrou que telemedicina deve se manter como uma opção para o paciente

A pandemia trouxe de uma vez só uma série de situações novas para a população mundial. O que para alguns setores profissionais abriu caminhos de forma mais lenta, para a saúde, as mudanças exigiram decisões urgentes. Foi dessa demanda que surgiram inovações capazes de mostrar caminhos que devem se manter e outros que precisam ser desenvolvidos. O tema foi discutido no Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), durante a palestra ‘Como a pandemia acelerou as inovações e tecnologias em saúde’, que teve a moderação de Fernando Ganem, diretor geral do Hospital Sírio-Libanês e a participação de Diogo Dias, diretor clínico do Hospital Porto Dias, Joel Formiga, country manager na MphRx e ex-coordenador de inovação digital da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, e Marco Bego, diretor executivo do Instituto de radiologia do InovaHC.

“A inovação começa pela necessidade do cliente, nasce da demanda e não da tecnologia”, afirmou Joel Formiga durante sua fala no evento. Ele atuou na linha de frente junto a outros profissionais quando a pandemia no Brasil estava em sua pior fase. “A primeira percepção que tivemos na Secretaria de Estado da Saúde foi que os dados precisavam ser valorizados, organizados, turbinados e principalmente compartilhados. Ou seja, precisávamos valorizar a informação”, conta.

Uma constatação que foi compartilhada por todos os participantes: a aceitação de canais digitais para tratar da saúde foi uma barreira ultrapassada por médicos e pacientes. Na opinião de todos, a telemedicina, que teve ampla aceitação e larga utilização, já apresentou diminuição. Mas, segundo observação de todos os profissionais, o uso da tecnologia deve continuar acima do período anterior à pandemia.

“Os canais digitais vão se estabilizar nessa nova realidade como os principais meios de comunicação e resolução de problemas, quando não forem os únicos”, conta Formiga. “A telemedicina é uma ferramenta que veio para ficar e muda o jogo para permitir o tratamento integrado. É fato que dessa primeira imersão nessa jornada já saímos com uma série de empresas que, inclusive, vão trabalhar apenas nessa vertical”, acrescenta Diego Dias.

Em outra frente, mas que também ganha a concordância entre os participantes, está a organização dos dados e aplicação de inovações. “Durante a fase mais crítica da pandemia, tínhamos quase 70 inciativas inovadoras nos processos que adotávamos. Passada essa fase, temos 20 atualmente. Nosso maior desafio foi fazer com quem as linguagens – tecnologia e medicina – se falassem sem obstáculos. Hoje, percebemos que conseguimos fazer essa ponte”, finaliza Marco Bego.

A convivência harmônica entre o compartilhamento de dados e a privacidade é um dos maiores desafios atuais

A Lei Geral de Proteção de Dados sancionada em 2020 apontou quais devem ser os rumos do uso de dados no Brasil. Entretanto, ainda há uma ‘zona cinzenta’ sobre o assunto, como diz Fábio Cunha, coordenador do Grupo de Trabalho Legal-Regulatório da Anahp e diretor Jurídico, Compliance, Relações Governamentais e ESG na Dasa, que foi moderador da plenária ‘Governança de dados com o avanço das inovações trazidas por novas tecnologias’, realizada no Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp). O debate contou também com a presença de Rogéria Leoni Cruz, coordenadora do Grupo de Estudo de LGPD da Anahp e diretora jurídica do Hospital Israelita Albert Einstein, Barbara Ubaldi, head de digital e governança de dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e de Waldemar Ortunho Junior, diretor-presidente da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

Um dos pontos principais levantados pelos participantes foi o conflito de interesses comerciais que ameaça o compartilhamento desses dados entre os sistemas privado e público, por exemplo, se configurando em um obstáculo que deixa de ser técnico. Para Barbara, o uso dos dados faz parte das transformações digitais do mundo todo e deve ser entendido como um recurso chave para todos os setores. “O crescimento com o uso de dados é muito mais preciso. É essencial abrir as informações para o setor público, com esforços combinados os resultados são melhores e as decisões mais coerentes”, afirma.

Outro obstáculo se relaciona com a cultura, ou seja, com o risco de armazenar e o medo de ter um vazamento desses dados geram. De fato, o risco existe, mas para o presidente da ANPD, Waldemar Ortunho Junior, “é fundamental usar novas tecnologias mitigando esses riscos, com técnicas que vão proteger os dados que oferecem mais atratividade ao invasor”.

Na mesma trilha, segue o ponto de vista de Rogéria Leoni Cruz. “Lidamos com dados sensíveis e a medicina tem se inovado. Temos que dar oportunidade para essas mudanças, mas, ao mesmo tempo, temos que lidar com a privacidade e a segurança. Muitas organizações já estão conseguindo enxergar as vantagens práticas de uma segurança de dados, seja por uma melhor estratégia ou pela melhor organização e confiança do cliente. Isso aprimora a tomada de decisões, e permite uma gestão efetiva de riscos”, conta.

“Reduzir desigualdades e disparidades por meio da inteligência artificial é um dos principais objetivos. Os cuidados devem chegar a todos”, diz Greg Corrado, neurocientista e pesquisador do Google

Por trás de cada tecnologia que utilizamos hoje como a leitura de código de barras pelo celular, decodificação de áudios em textos e os próprios avanços nos estudos da inteligência artificial estão pessoas, pesquisadores comprometidos a tornar a vida melhor. A inteligência artificial está em desenvolvimento no mundo e a utilização dela para área da saúde pode resultar em ganhos imensuráveis. Greg Corrado é neurocientista do Google e encerrou o ciclo de palestras desta edição do Conahp e quem mediou a apresentação foi o vice-presidente da Comissão Científica do Conahp2021, Charles Souleyman.

De forma geral, a inteligência artificial já está na palma de nossas mãos. Pelo celular podemos acessar o Google Fotos, por exemplo, e ver agrupamentos e pesquisas sofisticadas de reconhecimento facial a partir de qualquer aparelho. Outra forma de vermos a inteligência artificial sendo aplicada é por meio da capacidade dos celulares de entenderem idiomas, traduzirem conteúdos e aceitarem comandos somente a partir da voz humana, com toda as variações que elas possam ter.

A inteligência artificial, segundo Greg, pode ser pensada como útil tanto a usuários quanto a empresas. Para a maioria das ações atuais, mesmo as repetitivas e complexas, a programação dos computadores facilita a rotina. A parte mais profunda da inteligência artificial é que já podemos construir máquinas capazes de aprender com os dados. Atualmente, o Google lê imagens a partir de pixels, há softwares capazes de reconhecer qualquer discurso humano e, ainda, traduzir falas para outros idiomas de forma quase automática. Todos esses sistemas foram aprimorados com o tempo. Eles passaram por um processo de aprendizagem por meio da inteligência artificial.

“Muita gente acha que a inteligência artificial é feita para prever as coisas. Talvez fosse mais acurado dizer que a grande função dela seja reconhecer as coisas”, afirma Greg. Os dados trabalhados pela inteligência artificial facilitam o reconhecimento de forma intuitiva, por exemplo, de uma categoria ou condição. A máquinas aprendem ao imitar modelos. Se quisermos criar um sistema capaz de reconhecer imagens de gatos e cachorros, por exemplo, precisamos dar a ela modelos básicos desses animais.

Na relação desse tipo de inteligência com a capacidade de aprendizagem humana, a base está num método conhecido como ‘deep learning‘. Isso é basicamente a reencarnação de uma tecnologia chamada de redes neurais artificiais que existe desde 1980. E esse modelo se baseia em como humanos aprendem as coisas, na forma como a capacidade humana processa o aprendizado. Nesse modelo, cada neurotransmissor se associa a outros formando redes artificiais ou neurais capazes de fazer com que as tarefas programadas sejam realizadas.

“As máquinas hoje, por exemplo, podem enxergar. É possível categorizarem imagens, localizarem e descreverem conteúdos imagéticos. Nesse sentido, é possível que essa tecnologia seja usada para ler imagens médicas, reconhecer deformidades, exames e facilitar a compreensão de fraturas, por exemplo”, anuncia Greg.

Uma das medidas citadas pelo neurocientista em relação ao trabalho desenvolvido pelo Google na área da saúde tem relação com o diabetes e foi desenvolvido com parceiros na Índia. Na região onde o experimento foi feito havia poucos profissionais capazes de fazerem o diagnóstico da doença através da retina dos pacientes. Assim, máquinas foram desenvolvidas para serem capazes de realizar um tipo de triagem diagnóstica. Foram tiradas 130 mil imagens de retinas e, com a ajuda de profissionais, o nível de diabetes foi categorizado. O resultado foi o desenvolvimento de um sistema capaz de verificar a doenças em pacientes de forma bem próxima a percepção de médicos treinados.

Segunda analisa Greg, as inteligências humana e das máquinas são complementares. Enquanto humanos são excelentes em extrapolar a partir de um pequeno número de exemplos, as máquinas são muito eficazes fazer interpolação dentro de muitos exemplos. Máquinas programadas com grandes quantidades de dados históricos e humanos são melhores em eficiência analítica.

É preciso perceber que esses sistemas de inteligência artificiais não são caixas pretas inacessíveis e cujo conteúdo interno seja completamente desconhecido. “A gente acredita que os sistemas artificiais podem colaborar com as pessoas da mesma forma que as pessoas colaboram entre si”, diz o neurocientista. Esse tipo de inteligência seria capaz, inclusive de explicar o porquê de escolher categorizar suas percepções a partir de sua programação. “Voltando ao exemplo do diagnóstico de diabetes, por exemplo, o sistema pode mostrar a causa pela qual escolheu categorizar a doença no indivíduo como moderada”, afirma Greg.

Outros caminhos são possíveis para estreitar o relacionamento de forma ainda mais próxima entre a gestão de dados e a medicina. Dentre eles estão os processos de criação de medicamentos que utilizam dados, identificação de erros de amostragens ou mesmo feitura de triagens. Em última instância, o valor do uso da inteligência artificial estaria na criação de um sistema de saúde de aprendizagem. O ideal é que cada vez que se atende um paciente, a experiência seja melhorada para um próximo paciente. Os sistemas de machine learning podem nos dar diretrizes importantes para aumentar a eficácia do sistema como um todo e melhorar a experiência de quem os utiliza.

Sobre a atuação do Google na pandemia, o neurocientista ressaltou que a empresa percebeu a importância da informação correta e que, utilizada na hora certa, pode salvar vidas. Sobre o uso do Google no autodiagnóstico dos usuários, Greg alertou que “apesar das ferramentas e informações estarem disponíveis, há um jeito certo de usá-las. É complexo. Nossa jornada na saúde é entender o papel da tecnologia e o papel que ela não é capaz de desempenhar”, analisa o neurocientista. “Eu acredito que vai levar muitos anos, mas, no futuro, seremos capazes de estar em um lugar onde a tecnologia será mais utilizada, difundida e confiável. Há muito para se caminhar, mas é possível sonhar com uma medicina preventiva em nível global, com o apoio e o trabalho de muitas pessoas e instituições”, finaliza.