plasamed

plasamed

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Nova técnica para perda de peso com balão deglutível dispensa anestesia e sedação


 23/02/2022


Pessoas com sobrepeso ou obesidade inicial contam com o auxílio de uma nova técnica para perder peso. O procedimento utiliza um balão deglutível, que é ingerido pelo paciente e alcança resultados em um período de aproximadamente quatro meses, com perda entre 10% e 15% do peso corporal total. Como não se trata de uma cirurgia, a metodologia dispensa sedação e anestesia.

O Dr. João Henrique Lima, cirurgião do aparelho digestivo e endoscopista do Hospital VITA, explica que o procedimento ajuda não somente na perda de peso, mas também na reeducação alimentar. Segundo o médico, o balão deglutível é recomendado para pessoas com sobrepeso ou obesidade inicial, mas pode ser utilizado em qualquer paciente obeso. “É uma inovação nesta parte de balões gástricos que auxilia na perda de peso com a utilização do balão deglutível. Diferente dos balões convencionais, que são balões de silicone, para os quais é necessária a implantação por endoscopia digestiva, esse balão é ingerido pelo paciente no formato de uma cápsula”, relata o Dr. João Henrique.

Após a cápsula ser ingerida o balão se infla no estômago e a equipe médica faz uma checagem por meio de uma radiografia. Em seguida, o balão é enchido com cerca de 550 ml de uma solução líquida a base de soro fisiológico. Para isso é utilizado um tubo bastante maleável e tolerável pelo paciente. A durabilidade de permanência do balão é de aproximadamente quatro meses, tempo ideal para a eficácia do tratamento.

De acordo com o Dr. João Henrique, a válvula do balão tem uma solução biodegradável que se dissolve após o período de quatro meses. “Por ter uma membrana fina, como um papel filme, aquele utilizado em culinária, permite a passagem por todo o trato digestivo e intestinal, até que o balão dissolvido é eliminado pelas fezes”, explica o cirurgião.

Dispensa de endoscopia

Um ponto importante a ser destacado no procedimento é a dispensa da necessidade de endoscopia para o acompanhamento ou para perfuração e retirada do balão. O Dr. João Henrique enfatiza que o tempo, de apenas quatro meses, é o suficiente para a perda de peso. Nesse período é realizado acompanhamento pela equipe médica e nutricional, o que permite que o resultado seja atingido no tempo estipulado.

Os balões endoscópicos, que permanecem no estômago entre seis meses e um ano, têm uma redução de peso corporal apenas igual ou ligeiramente maior, entre 15% a 20%.

Programa acompanha o tratamento

O balão deglutível é acompanhado de um programa pelo qual o paciente é monitorado sobre a massa gordurosa, massa magra, perda de peso, qualidade de sono, entre outros fatores. “Ou seja, muito mais do que um balão, é um programa específico de tratamento e de perda de peso. Lembrando que nenhum balão gástrico faz mágica e o resultado depende muito do acompanhamento e do comprometimento do paciente com o tratamento”, destaca o Dr. João Henrique.

A ideia básica é o processo de reeducação alimentar para que o paciente consiga ter a perda de peso e, principalmente, melhorar os hábitos e qualidade de vida. A técnica permite, mesmo após a saída do balão, a manutenção da perda de peso a longo prazo.

Acompanhamento multidisciplinar

Durante o tratamento o paciente passa a ter um acompanhamento multidisciplinar, com um seguimento nutricional indicado por um profissional nutricionista. Nesse período é identificado o padrão de alimentação e a rotina alimentar passa a ser mais bem definida.

O paciente também é estimulado a iniciar ou continuar com atividades físicas. “Em alguns casos, inclusive, o paciente tem suporte psicológico de forma a entender melhor a relação com a comida de forma mais consciente”, afirma o médico. No período de tratamento o paciente é monitorado e ocorre o acompanhamento dos resultados.

Sintomas e restrições

Inicialmente, nos primeiros três ou quatro dias, o balão ocupa um espaço no estômago como um corpo estranho. Por conta disso, alguns pacientes podem apresentar sintomas como náuseas, cólicas ou sensação de vômito. “No entanto, a maioria dos pacientes tolera bem essa fase inicial, sem dificuldades”, ressalta o médico.

Segundo o especialista, as únicas restrições, que impedem o uso do balão deglutível, são para pacientes que já fizeram cirurgia bariátrica prévia ou que fizeram alguma outra cirurgia de estômago.

Passo a passo do procedimento:

1 – O paciente ingere a cápsula com um copo de água e ela é colocada no estômago;

2 – Uma vez no lugar, é feito um raios X para confirmar o posicionamento adequado;

3 – O balão é preenchido com 550 ml de uma solução líquida a base de soro fisiológico;

4 – É feito um segundo raios X para garantir que o preenchimento seja completo.

Enquanto está no estômago, o balão cria uma sensação de plenitude e saciedade. Dessa forma, o paciente ingere menos alimento.

O progresso é acompanhado pela equipe médica e pelo paciente por meio de um aplicativo. Também é utilizada uma balança e um aparelho que monitora a saúde.

Obesidade no Brasil

A Pesquisa Nacional de Saúde 2019, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que entre 2003 e 2019 passou de 12,2% para 26,8% a proporção de obesos entre a população com 20 anos de idade ou mais. Entre as mulheres a obesidade subiu de 14,5% para 30,2% e entre homens passou de 9,6% para 22,8%. Os números revelam que, no Brasil, em 2019 uma em cada quatro pessoas de 18 anos de idade ou mais estava obesa, o equivalente a mais de 40 milhões de pessoas.

 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Unimeds usam IA para reduzir o absenteísmo nos hospitais


 22/02/2022


Não é comum clínicas, hospitais e consultórios médicos se depararem com a falta de pacientes diariamente, situação que consome entre 20% e 30% dos desafios na gestão assistencial. Fato é que a tecnologia empregada na saúde tem mudado – e para melhor – a gestão desses estabelecimentos, razão pela qual desenvolvedores criam soluções e alternativas para conter problemas que afetam a rotina administrativa das empresas ou causam custos que podem ser revertidos em lucro ou economia.

Uma dessas tecnologias é atribuída à confirmação de presença para consultas e exames, que melhora a qualidade e agilidade na prestação do serviço. Trata-se do sistema de confirmationCALL que é utilizado por cerca de 10 Unimeds de todo país. Uma delas, a Unimed Litoral, em Santa Catarina, viu aumentar de 36% para 90% a taxa de confirmação de pacientes nas consultas realizadas no Hospital e nas unidades de atendimento da cooperativa. “O contato com o cliente passou a ser feito via WhatsApp, o que traz agilidade para tomada de decisões quando ele responde que não poderá comparecer à consulta. Para esses casos, imediatamente encaixamos outro paciente e aproveitamos integralmente a nossa agenda”, conta Davi Pinto, gerente de Atenção Integral à Saúde.

A solução empregada foi desenvolvida pela startup Nina Tecnologia, que também ajudou o Hospital Unimed, da Grande Florianópolis, a resolver um problema que representava perda de receita.

Realidade na saúde

No Hospital Unimed Alto Vale, por exemplo, alguns fatores justificavam a falta de pacientes, sendo o esquecimento e os imprevistos os mais comuns entre eles. A ausência  também prejudicava o atendimento médico a outras pessoas que aguardavam disponibilidade para suas consultas ou exames, o que gerava uma longa fila de espera, responsável pelas principais queixas de pacientes e que foi resolvida com a ajuda da startup.

A Unimed Taubaté também passava pelo mesmo problema e automatizou o sistema de confirmação de presença, em março de 2020. Além dela, outras 80 empresas de saúde de todo Brasil também fazem uso do sistema criado pela Nina que, em três anos, já confirmou mais de 10 milhões de exames e consultas para os seus clientes.

Desde que a Unimed Tubarão, outra cooperativa que faz uso de confirmationCALL, passou a adotar o serviço em seu Hospital foram realizados cerca de  225 mil confirmações e 30 mil agendamentos convertidos em novas consultas. A cooperativa também percebeu aumento na presença de pacientes e Nina tem evitado que 40% das pessoas faltem às consultas e aos exames, uma média de 4 pacientes a cada 10 agendamentos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Com interações baseadas no tato, tecnologias hápticas avançam na saúde


 21/02/2022

Utilizadas largamente nas áreas de educação e entretenimento, as tecnológicas hápticas, ou táteis, vêm ganhando aplicações profissionais no setor de saúde, juntamente com a realidade virtual, a realidade aumentada e a visualização 3D. Segundo Guilherme Hummel, coordenador científico da Hospitalar Hub, a internet 5G é uma das responsáveis pela evolução dessa tecnologia. A alta velocidade, a conexão massiva de dispositivos e a baixa latência da 5G permitirão, por exemplo, que um equipamento vestível possa conter cerca de 150 sensores funcionando sem interferência. “Nessa dimensão, a Internet das Coisas se tornará a Internet dos Corpos, propiciando às pessoas atualizarem seu personal-link, adicionando dispositivos, sensores ou chips em seus corpos”, preconiza.

Com o crescimento da consulta médica virtual, roupas hápticas dotadas de centenas de sensores integrados a inteligência artificial ajudarão no diagnóstico à distância, possibilitando aos pacientes sentirem o toque médico a milhares de quilômetros. Já há aplicações que contêm nuvens de dispositivos tão pequenos quanto grãos de sal. Cada um possui sensores, nanocâmeras e mecanismos de comunicação que coletam e enviam dados para centrais de inteligência artificial. Ao detectarem luz, temperatura, vibração, magnetismo ou produtos químicos, os sensores acoplados ao paciente permitem ao médico mensurar os sinais corporais e fazer o diagnóstico remotamente.  “Esses recursos fornecerão feedback instantâneo sobre tratamentos, terapias e controles de ingestão medicamentosa”, comemora Guilherme Hummel.

Reabilitação e deficiência

As aplicações médicas hápticas poderão revolucionar as áreas de reabilitação neuropsicológica e cognitiva e até a reeducação sensorial. Vestíveis táteis para profissionais de saúde já são uma realidade. É o caso de uma jaqueta inteligente que orienta os neurocirurgiões a evitar danos em estruturas críticas, como vasos sanguíneos e sistemas nervosos, nos procedimentos invasivos cerebrais. Ao todo, 16 micromotores vibratórios, dispostos em dois círculos na parte de trás da roupa, alertam o cirurgião sobre a distância dessas estruturas. Os elementos são conectados ao sistema de neuronavegação, que usa vibrações para indicar ao médico a distância que seu bisturi está de estruturas críticas.

A peça foi desenvolvida pela mesma empresa que criou um cinto com feedback tátil usado por pessoas com “perda vestibular bilateral”, uma condição que piora o equilíbrio e dificulta a caminhada e o senso de direção do paciente. As roupas táteis também irão registrar a atividade elétrica dos músculos, que será traduzida em “movimentos pretendidos” a partir do aprendizado de máquina. Com isso, pessoas amputadas controlarão as próteses de mãos e pés.

No fundo, o feedback tátil é uma excelente forma de substituição sensorial, podendo repor um sentido e transmitir informação ao usuário. No futuro, deficientes visuais poderão usufruir dos tecidos táteis. A prevenção de obstáculos, por exemplo, é uma tarefa colossal para eles. Muitos projetos de suporte à “navegação de cegos” foram frustrados por diferentes problemas, sendo que a maioria falhou em fornecer um feedback multidimensional.

Um estudo publicado em 2022 mostra que é possível um sistema prevenir obstáculos combinando câmera 3D e uma luva de feedback tátil. Em teste de funcionalidade, ele foi capaz de identificar e localizar corretamente 98,6% dos padrões de vibração e 70% dos padrões de vibração multidirecional – avaliação em total escuridão. Trata-se de uma oportunidade de suporte virtual ao deficiente, que não demorará em chegar ao mercado assim como dispositivos que permitem a leitura em braile por meio de ultrassonografia. Inclui 256 transdutores ultrassônicos (pequenos alto-falantes), que emitem ondas ultrassônicas na direção dos dedos do usuário.

Luvas hápticas já possibilitam que pessoas sintam objetos virtuais (avatares) através de bolsas de ar. Robôs não serão mais sem-tato, terão ‘pele’, que poderá fornecer a sensação tátil dos humanos. “No futuro, braçadeiras táteis coletarão informações biométricas permitindo a análise do movimento físico do usuário em níveis granulares, podendo até prever o aparecimento de doenças como Parkinson. Tudo leva a crer que nossas sensações serão cada vez mais apoiadas por máquinas, dispositivos e sensores”, vaticina Guilherme Hummel.

 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Hospital Marcelino Champagnat abre inscrições para especialização em cirurgia robótica

18/02/2022


O Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), está abrindo mais uma turma para especialização em cirurgia robótica. A instituição, que figura entre as 17 do país com certificação do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), possui as plataformas robóticas Da Vinci X e RosaKnee.

O curso inicia no mês de março e contará com três módulos – dois gerais, que serão on-line (pré-clínica e clínica observacional), e um prático (de simulação virtual, realizado no centro cirúrgico do hospital) -, ambos ministrados por professores reconhecidos internacionalmente e voltados à utilização do robô Da Vinci X.

“A robótica é uma evolução da cirurgia laparoscópica, porque oferece uma precisão muito maior para o profissional, além das vantagens para o paciente, como menor tempo de internação e recuperação”, explica o coordenador do curso no Hospital Marcelino Champagnat e diretor científico do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Flávio Daniel Saavedra Tomasich.

A cirurgia robótica é realizada desde 2008 no Brasil. São quase 100 plataformas no país e mais de 1.200 cirurgiões habilitados para realizar esse tipo de procedimento em 14 diferentes áreas. As especialidades trabalhadas nessa edição do curso serão: cirurgia geral, oncológica, bariátrica, hérnias da parede abdominal, urológica, cirurgia torácica e ginecológica.

Informações e inscrições: comunicacao.hospitalmarcelino.com.br/curso-robotica

 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Unidade Hospitalar do UMC abre UTI pediátrica


 18/02/2022


A Unidade Hospitalar do UMC – Uberlândia Medical Center inicia o ano expandindo os cuidados oferecidos às crianças, inaugurando seis leitos de UTI Pediátrica. Um espaço para atender de forma especializada, crianças de 28 dias a 14 anos que demandam vigilância constante devido a casos de alta complexidade. Além da ampliação, com os novos leitos pediátricos oferecidos, outra novidade da unidade é a intensificação da humanização nos leitos de UTI neonatal e a implantação de 17 leitos de maternidade, ambos em novos espaços ainda mais acolhedores aos bebês e pais.

A abertura dos novos leitos e as mudanças promovidas na maternidade e UTI para o atendimento de recém-nascidos fortalecem a proposta do hospital em cuidar de toda família, em todos os ciclos da vida, com serviços diferenciados e o que há de mais moderno em promoção de saúde. As UTIs pediátricas já estão em funcionamento e a UTI neonatal está em um novo espaço, mais amplo, para proporcionar mais comodidade para os pais acompanharem seus filhos. Além disso, o local também conta com uma nova decoração mais lúdica, tornando o espaço ainda mais aconchegante para bebês e familiares.

As UTIs Neonatal e Pediátrica são instaladas em espaços diferentes, o que é um diferencial, como destaca a médica pediatra do UMC, Dra. Daniele Marques. “Na Unidade Hospitalar do UMC contamos com as duas UTIs, a neonatal e pediátrica, com estruturas e equipes distintas, especializadas e dedicadas para atender de forma assertiva os recém- nascidos e as crianças até 14 anos”, diz a médica que ainda detalha as especialidades da equipe que dá suporte aos pequenos que estão internados. “Além do neonatologista, intensivista pediátrico, e os médicos plantonistas que ficam em suas respectivas unidades de tratamento intensivo, contamos com inúmeros especialistas para proporcionar um cuidado integral aos pacientes. São neurologistas, cardiologistas, nefrologistas, endocrinologistas, cirurgiões e anestesistas, todos inclusive, com especialização pediátrica”, finaliza Dra. Daniela.

Confira imagens dos espaços: vimeo.com/678822776

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Hospital Santa Isabel atinge a marca de 300 cirurgias robóticas em Blumenau


 18/02/2022


Nesta semana, o Hospital Santa Isabel, de Blumenau (SC), alcançou a marca de 300 cirurgias robóticas realizadas na instituição. Pertencente à Rede Santa Catarina, o HSI é a primeira unidade hospitalar catarinense a contar com a cirurgia robótica entre suas especialidades. Os principais procedimentos realizados pelo robô-cirurgião da Vinci SI no Hospital Santa Isabel são de urologia, cirurgia geral e ginecologia, além de procedimentos de cirurgia digestiva, cirurgia torácica, cirurgia de cabeça e pescoço e procedimentos complexos de hérnias de parede abdominal. A instituição conta com 37 cirurgiões credenciados das cidades de Blumenau, Florianópolis, Joinville, Balneário Camboriú, Jaraguá do Sul, Rio do Sul e Tubarão.

De acordo com Clovis Darolt, Enfermeiro Coordenador do Programa de Cirurgia Robótica do Hospital Santa Isabel, alcançar essa marca é muito importante: “Isso mostra o compromisso da Rede Santa Catarina e do Hospital Santa Isabel com um atendimento humanizado, diferenciado e de qualidade para toda a sociedade”. Segundo ele, é o compromisso dos profissionais envolvidos na cirurgia robótica que faz a diferença.

Para atuar no Programa de Cirurgia Robótica, toda equipe é capacitada para manuseio do equipamento. A principal vantagem do robô é a precisão das pinças robóticas controladas pelo cirurgião, que realizam movimentos de 360 graus, mais precisos e com melhor ergonomia. Para o paciente, uma cirurgia robótica resulta em menos tempo de internação, menor sangramento e menos dor no pós-operatório, além de pouca cicatriz cirúrgica. O Programa de Cirurgia Robótica do Hospital Santa Isabel começou em 22 de julho de 2019, com um procedimento de endometriose numa paciente de 32 anos.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Bactérias do útero podem determinar chance de engravidar com fertilização in vitro


 15/02/2022


As chances de sucesso no tratamento de fertilização in vitro (FIV) podem estar associadas com a composição do microbioma do endométrio das pacientes inférteis. As pacientes que apresentavam as bactérias Atopobium, Bifidobacterium, Chryseobacterium, Gardnerella, Haemophilus, Klebsiella, Neisseria, Staphylococcus e Streptococcus não conseguiram engravidar. Por sua vez, as pacientes com microbioma dominado por Lactobacillus conseguiram engravidar a longo prazo. A descoberta, liderada por pesquisadores da Fundação Igenomix, foi publicada em janeiro na revista científica Microbiome.

Desde o início da pesquisa sobre o papel das bactérias no sistema reprodutivo feminino, os autores já observavam piores desfechos reprodutivos em pacientes inférteis com microbioma alterado. O objetivo então foi determinar se a composição desse microbioma antes da transferência de embriões nos tratamentos de Fertilização in vitro estava associada aos desfechos reprodutivos dos nascidos vivos, gravidez bioquímica, aborto clínico ou ausência de gravidez.

O estudo mostrou que as pacientes que apresentaram um perfil alterado de microbioma endometrial não tiveram um desfecho positivo. Por outro lado, aquelas que apresentaram um microbioma composto de Lactobacillus, conseguiram engravidar. “Estes achados indicam que a composição do microbioma endometrial antes da transferência de embriões é um biomarcador útil para prever o resultado reprodutivo, oferecendo a oportunidade de melhorar ainda mais as estratégias de diagnóstico e tratamento”, explica a bioquímica Inmaculada Moreno, diretora da área de microbioma da Igenomix e primeira autora da pesquisa.

Como o estudo foi feito – Observacional prospectivo e multicêntrico, o estudo foi realizado em um total de 342 pacientes inférteis de 13 clínicas na Europa, América e Ásia. Por meio de sequenciamento de nova geração, foram analisadas as amostras endometriais das pacientes. Ao analisar o rRNA 16S no fluido coletado e no tecido do endométrio biopsiado antes da transferência embrionárias, revelou-se que o desequilíbrio bacteriano levava a um pior resultado reprodutivo.

Especificamente, proporções aumentadas das bactérias Atopobium, Bifidobacterium, Chryseobacterium, Gardnerella, Haemophilus, Klebsiella, Neisseria, Estafilococos e Estreptococos obtiveram falhas nos resultados. Em contrapartida, a presença dominante de bactérias Lactobacillus permitiu que as pacientes, após realização do FIV, pudessem dar à luz a um recém-nascido. “Os Lactobacillus podem ter ajudado a prevenir patógenos, aumentando a resistência, mais que exercendo um benefício direto”, ressalta Inmaculada Moreno.

Histórico de contribuição para a ciência – Estudos prévios, realizados pelo grupo de pesquisa liderado por Inmaculada Moreno, já contribuíram em 2016 para a comunidade científica o conhecimento sobre o microbioma endometrial das mulheres, dando um passo adiante na melhoria dos tratamentos de reprodução assistida. Além do diagnóstico de doenças que produzem infertilidade, como a endometrite crônica derivada de uma infecção patogênica, os estudos permitiram listar os tipos de bactérias que habitam o endométrio.

Referência:

Moreno I, Garcia-Grau I, Perez-Villaroya D, Gonzalez-Monfort M, Bahçeci M, Barrionuevo MJ, Taguchi S, Puente E, Dimattina M, Lim MW, Meneghini G, Aubuchon M, Leondires M, Izquierdo A, Perez-Olgiati M, Chavez A, Seethram K, Bau D, Gomez C, Valbuena D, Vilella F, Simon C. Endometrial microbiota composition is associated with reproductive outcome in infertile patients. Microbiome. 2022 Jan 4;10(1):1.