A voz é uma das principais
formas de comunicação do ser humano. Ela se forma na laringe, onde ficam as
pregas ou cordas vocais. Quando uma pessoa tem câncer de laringe em estágio
avançado, é preciso realizar a laringectomia total, ou seja, cirurgia para retirada
completa do órgão, uma das poucas opções para tratamento. A consequência é a
perda da voz. Segundo o Instituto Nacional de Câncer, estima-se que no Brasil
sejam diagnosticados mais de 7.600 novos casos de câncer de laringe entre os
anos de 2020 e 2022.
Para promover assistência integral ao paciente oncológico, a
Unidade de Oncologia do Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga (MG), através do
Projeto de Reabilitação Fonatória, entregou o aparelho conhecido como laringe
eletrônica a 12 pacientes da Unidade, no último dia 14. A verba de R$ 400 mil
para a compra dos equipamentos foi liberada por uma emenda parlamentar do
deputado federal Patrus Ananias com recurso do orçamento da União.
A laringe eletrônica é um dispositivo móvel que não necessita de
intervenção cirúrgica e possibilita a recuperação da fala. Ele é movido a
bateria recarregável e quando posicionado externamente próximo à garganta do
paciente reproduz uma voz robótica.
“Estamos iniciando mais uma etapa de atenção integral ao
paciente oncológico, completando um ciclo de tratamento que passa pelo
diagnóstico, tratamento e reabilitação. Devolver a capacidade de falar a essas
pessoas é um processo de inclusão muito importante para estabelecer sua
comunicação com o mundo. É uma forma de proporcionar mais qualidade de vida”,
celebra o cirurgião de cabeça e pescoço da Fundação São Francisco Xavier,
Dr. Clineu Gaspar Hernandes Jr.
Vida nova
O aposentado José de Castro, de 62 anos, morador de Caratinga,
foi diagnosticado com câncer de laringe em 2019. Sua irmã Eunília de Castro
Barbosa, que mora em Ipatinga, foi quem passou a tratar dele depois do
diagnóstico. “Ele veio morar comigo e começou a fazer o tratamento pelo SUS no
Hospital Márcio Cunha. O câncer já estava avançado e um ano depois ele precisou
fazer a cirurgia e perdeu a voz. Ele ficou muito nervoso, chegou a ficar
depressivo”, lembra.
Na última semana, José de Castro recebeu a laringe eletrônica e
já passou por treinamento com a equipe do hospital. “Foi uma realização poder
ouvir meu irmão falar novamente. Uma alegria imensa. A nossa comunicação vai
melhorar muito e ele vai ficar bem mais tranquilo. Ele está muito feliz”,
celebra Eunília.
Para o paciente Alzemar Soares Rodrigues, de 72 anos, a laringe
eletrônica vai mudar completamente sua comunicação com as pessoas. Todo o
processo de perda de voz foi muito desgastante, porque o aposentado, que era
morador da zona rural de Teófilo Otoni, tinha poucos recursos para se comunicar
com os filhos e a esposa. O senhor Alzemar é analfabeto e não tinha como escrever
o que queria.
“Meu pai é muito simples, sempre foi da área rural. Depois que
perdeu a voz ficou muito irritado e triste. Ele é muito forte e tentamos nos
adaptar mas, mesmo assim, nem sempre entendíamos o que ele queria”, lembra a
filha Eliene Soares Rodrigues.
A filha comemora a vida nova com o aparelho. “Ele já chegou do
hospital com um semblante bem mais alegre, de prazer e satisfação. É
inexplicável a nossa felicidade em vê-lo feliz. É muito gratificante, graças à
tecnologia e ao Hospital Márcio Cunha”, pontua.
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