plasamed

plasamed

terça-feira, 8 de março de 2022

Dia da Mulher: Motorista de ambulância com muito orgulho


 07/03/2022


“Quando eu entrei na sala para fazer a o teste escrito, tinham cinco homens, eles olharam para mim e disseram: moça, você está na sala errada. Eu perguntei: não é aqui o processo para condutor de ambulância? Eles confirmaram. Então eu disse: estou no lugar certo!” relata Virgínia Pines, 38 anos, que há um ano trabalha como motorista de ambulância no Serviço de Atendimento a Pacientes Especiais Crônicos (SAEC), sobre o primeiro desafio enfrentado no processo seletivo. Hoje, ela trabalha ao lado de outros 17 condutores, sendo 16 deles homens.

Assim como profissões como piloto de avião, pedreiro, bombeiro, motorista de ônibus e mecânico, a área escolhida por Virgínia é predominantemente ocupada por homens. O fato de ver uma mulher nessas funções, causa uma certa surpresa e curiosidade. Neste dia da mulher, vamos conhecer um pouco mais das histórias vivenciadas por duas profissionais que atuam no SAEC.

A rotina começa com o check list da ambulância, que inclui revisão dos pneus, verificação de nível de óleo, lataria, motor e limpeza. A jornada é de 12 horas, dedicadas a transportar pacientes acamados para a realização de exames, hemodiálise, sessões de fisioterapia e outros tratamentos. No trânsito, o cuidado para garantir o conforto dos pacientes, evitando buracos, passando lentamente em lombadas e desviando com prudência de outros veículos.

Os desafios diários não param por aí. Envolvem ainda a comprovação de que são sim capazes. “Levei uma paciente acamada e seu filho para casa. Eu estava sozinha com ambos. Ao chegar na casa outro filho da paciente foi logo questionando: você está sozinha e é mulher? Eu respondi sim. Então ele ordenou: pode chamar outra ambulância, você vai derrubar minha mãe. Com calma eu respondi que o acompanhante poderia me auxiliar. Ele se opôs a ajudar. Pouco depois, já com a mãe dele dentro de casa, me pediu desculpas e disse: eu achei que você não fosse capaz”, relembra Virgínia.

“Eu estou aqui para fazer o meu melhor e cada vez que alguém diz que eu não consigo, eu vou lá e provo o contrário. Estar aqui como motorista de ambulância sempre foi meu sonho e só minha mãe que já é falecida sabe o quanto eu estou feliz por esta conquista, rezei muito para que ela me ajudasse a chegar até aqui e não vou desistir por nada”, relata.

Outra profissional que vivencia as mesmas situações é Silvia Torturello, 50 anos, que conduz ambulâncias no SAEC há 12 anos. Mesmo sabendo dos desafios impostos pelo estigma de ser o “sexo frágil”, ela mirou no seu sonho de infância. “Desde menina eu sempre gostei de dirigir, aprendi com 12 anos. Minha paixão sempre foram os veículos grandes, por isso já dirigi van escolar, ônibus e quando cheguei aqui para dirigir ambulância me apaixonei. É aqui que eu quero estar até me aposentar”, conta.

Segundo Silvia, dentro do local de trabalho tanto ela quanto Virgínia têm o apoio dos colegas e incentivo do chefe. “Somos tratadas com muito carinho e respeito, de igual para igual. E o João – se refere ao João Fioroti, coordenador do SAEC – sempre nos deu muito respaldo. Mas nas ruas nem sempre é assim. Quando a gente chega, eles – os pacientes e acompanhantes – esperam que o motorista seja um homem e não uma mulher, acham que somos técnicas de enfermagem, mas nós fazemos o mesmo trabalho que os homens e ao contrário do que muitas pessoas pensam, nem sempre pra carregar um paciente a força é o mais importante, mas sim a técnica”, define.

Silvia tem um casal de filhos já adultos, com 30 e 34 anos. Ambos se preocupam com a mãe e dão sempre um jeitinho de saber se está tudo bem, pois sabem que a rotina não requer somente habilidade para dirigir, mas também jogo de cintura diante de casos de machismo e falta de respeito. “Eles me ligam, mandam mensagens e estão sempre em contato. Sinto que eles têm muito orgulho de mim, principalmente minha filha que enche a boca para falar que eu sou motorista de ambulância”, conta com um sorriso.

Apesar dos desafios, tanto Virgínia quanto Sílvia, levam com bom-humor as situações relatadas, afinal, para elas, a direção é uma terapia. “Quando eu estou dirigindo, tiro totalmente meu estresse”, diz Silvia. Ambas definem a profissão de um jeito simples. “Motoristas de ambulância sim! Com muita honra!”.

segunda-feira, 7 de março de 2022

Centro de Oncologia Campinas recebe novo acelerador para radioterapia


 07/03/2022


O Centro de Oncologia Campinas (SP) recebeu neste domingo (6) o novo acelerador linear de partículas Infinity, fabricado pela sueca Elekta. O equipamento de radioterapia guiada por imagem foi adquirido pelo COC para aprimorar a qualidade do serviço da unidade e ampliar a oferta de tratamento à população. A previsão é que o aparelho esteja em operação dentro de aproximadamente um mês.

A ampliação do serviço de radioterapia também integra as ações de comemoração dos 45 anos de fundação da instituição. A vocação para o pioneirismo e o foco na vanguarda do tratamento do câncer acompanham o Centro de Oncologia Campinas desde a fundação, em 1977, e se confirmam com chegada de um dos mais modernos aceleradores em uso no Brasil.

Os investimentos de mais de R$ 15 milhões na aquisição, infraestrutura e implantação da tecnologia de ponta colocam o COC ao lado dos grandes centros em termos de alta performance de radioterapia, principalmente porque o novo equipamento possibilita tratamentos com técnicas variadas e oferece maior precisão, dentre outras vantagens.

“Manter Campinas na vanguarda do tratamento radioterápico nos enche de orgulho e satisfação, porque isso permitirá que continuemos a focar no melhor tratamento possível ao paciente”, esclarece o oncologista e diretor executivo do COC, Fernando Medina, referindo-se ao pioneirismo da instituição, que no final dos anos 1970, trouxe para a cidade um dos mais modernos equipamentos para radioterapia do país à época.

Para abrigar o novo equipamento, o Centro de Oncologia Campinas precisou desenvolver um projeto especial da sala onde será instalado, um espaço de 140 metros quadrados, especialmente blindado. “As instalações estão prontas para receber o novo equipamento. O técnico, um engenheiro americano, responsável pela montagem já está em Campinas. A instalação começará na segunda-feira (7) e esperamos que o processo todo dure cerca de um mês”, confirma.

Após a instalação e calibragem do acelerador linear, uma vistoria deverá ser realizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). “O projeto do espaço para receber o equipamento também precisou de liberação do CNEN para ser executado. É o CNEN que verificará a conformidade do equipamento e expedirá a liberação de funcionamento”, acrescenta Medina.

Medina destacou que o investimento não foi feito apenas para atender convênios, mas também pacientes do SUS encaminhados pelo Hospital Mário Gatti e pela PUC. “Somos a instituição que mais trata os pacientes do Mário Gatti. Também fazemos campanhas preventivas com a realização de exames e acompanhamento do paciente. Sempre procuramos informar à população que o câncer tem cura, desde que seja feito diagnóstico precoce”, afirmou.

Assim que o novo aparelho entrar em operação, o atual equipamento de radioterapia do Centro de Oncologia Campinas passará por um upgrade para agregar mais vantagens ao serviço de radioterapia da instituição. “Nosso próximo investimento será a atualização desse equipamento em uso. Ele ficará também bastante avançado e possibilitará tratar mais pacientes por dia”, avisa. Diariamente, cerca de 70 pacientes recebem sessões de radioterapia no COC, número que quase triplicará quando os dois aceleradores estiverem em operação simultaneamente.

Funcionalidades

A alta tecnologia agregada do Infinity permitirá, por exemplo, realizar tratamentos radioterápicos mais curtos e precisos, o que implicará no atendimento de um maior número de pacientes. E a maior rotatividade do serviço favorece a entrada de mais pacientes de fila para tratamento. O Elekta Infinity é multifuncional. Com maiores recursos, sessões mais rápidas e menor número de aplicações, oferece resultados até superiores aos dos aparelhos convencionais. O novo acelerador linear possui controle de localização realizado com raios X e com tomografia computadorizada, o que que acrescenta segurança e agilidade ao tratamento.

Com ele é possível realizar uma rápida tomografia da área que se quer tratar, para checar se o paciente está corretamente posicionado, e se o tumor se modificou em formato ou tamanho. Tudo é feito no momento da aplicação, sem tirar o paciente da mesa. Outra característica do Elekta Infinity é a capacidade de localizar a lesão tumoral com precisão, o que contribui para poupar os tecidos saudáveis ao redor do tumor. Essa particularidade também permite a aplicação de doses maiores de radiação nos tumores, sem colocar em risco a segurança do paciente nem afetar órgãos e tecidos próximos.

domingo, 6 de março de 2022

Einstein é eleito o melhor hospital da América Latina pela Newsweek


 04/03/2022

O Einstein é eleito o melhor hospital da América Latina pelo ranking The World’s Best Hospitals 2022, divulgado pela revista norte-americana Newsweek, pela 3ª vez consecutiva. Único brasileiro no top 50 e latino-americano no top 100, o hospital ficou em 34º lugar entre os melhores do mundo.

A premiação da Newsweek é elaborada em parceria com a empresa de pesquisa de dados Statista Inc. e baseada em recomendações de profissionais de saúde, pesquisas com pacientes e indicadores-chave de desempenho médico em quatro continentes.

Para Dr. Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, as áreas do Einstein, que compreendem não só a Assistência, mas também Ensino, Pesquisa, Responsabilidade Social, Inovação, entre outras, atuam de forma coordenada para desenvolver atividades que entregam saúde às pessoas. “Isso se dá pelo compromisso de promover um impacto positivo em comunidades e na sociedade, característica compartilhada com os melhores centros de saúde do mundo”, destaca.

A pesquisa foi realizada com cerca de 80 mil profissionais (médicos, profissionais de saúde e administradores de hospitais) de mais de 27 países, selecionados com base no padrão socioeconômico e expectativa de vida, tamanho da população, número de hospitais e disponibilidade de dados. A lista destaca centros que atuam com base em boas práticas de cuidado, avanços na medicina e na ciência.

“Cada profissional é parte desta conquista, que representa um reconhecimento do nosso empenho em entregar segurança e excelência em toda a jornada do paciente. A presença do Einstein no ranking enaltece nosso comprometimento com a qualidade assistencial e das nossas equipes de saúde, que lideram verdadeiras transformações no setor”, celebra Miguel Cendoroglo, Diretor-Superintendente Médico e de Serviços Hospitalares do Einstein.

Para conferir a lista completa, acesse: www.newsweek.com/worlds-best-hospitals-2022.

Especialidades

Em setembro do ano passado, a Newsweek já havia publicado o The World’s Best Specialized Hospitals 2022, ranking que contempla os hospitais com base em seus desempenhos segmentados por especialidades.

Em nove das dez especialidades avaliadas pela publicação, o Einstein obteve posição de destaque. Em três delas – Oncologia, Ortopedia e Gastroenterologia -, o hospital foi considerado o melhor do Brasil e da América Latina. Além disso, foi reconhecido também em Cardiologia, Cirurgia Cardiovascular, Neurologia, Neurocirurgia, Endocrinologia e Pediatria.

sábado, 5 de março de 2022

Hospital São Vicente investe em sistema digital para monitoramento de veículos


 04/03/2022


Com o objetivo de agilizar o processo de entrega de documentos e materiais, otimizar o tempo de espera para locomoção de pacientes e colaboradores, obter maior produtividade da mão de obra e controle das rotas adotadas pelos motoristas, o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), de Jundiaí (SP), conta com um sistema moderno de monitoramento e rastreamento da frota de veículos da instituição. Operado pela empresa Link Monitoramento, o recurso inteligente acompanha os trajetos em tempo real, gerando relatórios de quilometragem, trajeto, velocidade e horas percorridas.

O chefe da Central de Serviços, departamento responsável pelo fluxo dos veículos, Reginaldo Aparecido de Lima, conta que antes do investimento o trabalho era manual e moroso. “Sem o sistema, nós ligávamos para todos os motoristas para saber onde estavam, quem estava próximo ao local de remoção do paciente e, desta forma, direcionávamos o profissional para o endereço. Perdíamos tempo ligando e o condutor atendendo as ligações, já que tinha que parar o veículo para isso. Por meio do monitoramento, hoje sabemos exatamente quem está dirigindo cada veículo, onde este se encontra, quando está em movimento ou parado, além de horários em que chega ou saí dos locais. É um trabalho muito mais ágil e benéfico tanto para nós, quando estamos com entregas administrativas, quanto para os pacientes que aguardam a remoção de clínicas externas”.

Atualmente, o serviço é composto por 19 motoristas de ambulância e 4 condutores para carros de passeio. A frota conta com cinco ambulâncias, sete carros e duas kombis, que chegam a rodar em média 3.000km por dia. No ano de 2020 foram realizadas transferências para 61 pontos distintos no estado de São Paulo. Já em 2021, foram registrados 75 pontos diferentes, levando pacientes para hospitais de outras cidades, como Campos do Jordão e Catanduva. A ação contribui para o giro de leito do HSV.

“O monitoramento é feito por meio de uma tela especial, que nos mostra os carros parados, que aparecem em vermelho, e os carros em movimento, que ficam na cor verde. Também conseguimos saber o endereço e a placa de cada veículo, verificar se estão mexendo em alguma peça do carro, etc. Esse acompanhamento também é feito pela empresa Link, que sempre nos comunica sobre possíveis intercorrências. Tenho a facilidade de acessar esse mesmo sistema aos finais de semana, pelo meu celular. Se tivermos algum problema, conseguimos resolver na hora. O sistema permite que estejamos atentos 24 horas por dia”, evidencia Reginaldo.

Utilizando o serviço de pesquisa e visualização de mapas e imagens de satélite Google Maps, o rastreamento é feito por todo território nacional e indica ainda os horários exatos de quando o motorista ligou ou desligou o veículo. O recurso também permite levantamento retroativo, possibilitando ver onde o carro esteve em datas e horários específicos. “O investimento foi de mais de R$ 13 mil. Sem dúvidas é um grande avanço tecnológico para nosso setor. Estamos com outros projetos na manga, a fim modernizar ainda mais nossos serviços e diminuir o consumo de papel”, finaliza Reginaldo.

 

sexta-feira, 4 de março de 2022

Hospital Márcio Cunha: Laboratório recebe equipamento moderno que permite diagnósticos mais rápidos e precisos


 03/03/2022


O laboratório do Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga (MG), não para de inovar e adquiriu, recentemente, um equipamento que traz ainda mais modernidade ao setor de hematologia da região. Em parceria com o setor de Engenharia Clínica da Fundação São Francisco Xavier, o laboratório fez a aquisição de uma citocentrífuga que está possibilitando uma melhora expressiva na qualidade das imagens, permitindo um diagnóstico mais ágil e assertivo de doenças que comprometem o sistema nervoso central e demais órgãos do corpo. O investimento, na ordem de R$ 15.5 mil, é mais uma ação que o Hospital Márcio Cunha promove de assistência integrada à saúde da comunidade.

A citocentrífuga é uma centrífuga especializada usada para concentrar células em amostras de fluidos em uma lâmina de microscópio para que sejam coradas e examinadas. De acordo com a bioquímica do HMC, Suelen Stephane Ferreira de Oliveira, esse equipamento faz a separação dos líquidos corporais (líquidos biológicos como líquido pleural, peritoneal e cinoveal) e o líquor (uma amostra que pertence ao sistema nervoso central). O benefício do aparelho é que ele já apresenta a lâmina pronta para a coloração.

“Esse novo aparelho nos permite uma melhor visualização das células presentes, restos de líquidos corporais, sendo possível precisar quais e quantas são as células presentes nas amostras. É um procedimento ainda mais detalhado, qualitativo e quantitativo”, ressalta a bioquímica.

Entre as doenças mais facilmente diagnosticadas com a utilização da citocentrífuga estão: meningite, pneumonia, tuberculose e algumas infecções fúngicas. A especialista explica que a coleta do exame é feita por um médico, geralmente em ambulatórios ou com o paciente internado. O procedimento fica pronto em uma hora.

quinta-feira, 3 de março de 2022

Artigo – Mulher na Medicina: desafios, dedicação e conquistas

03/03/2022


O Dia Internacional da Mulher, criado em 1910 e oficializado pela ONU em 1975, teve como objetivo homenagear a luta de 130 operárias que morreram carbonizadas no dia 8 de março de 1857, enquanto reivindicavam por melhores condições de trabalho nos Estados Unidos, como a redução da carga horária, a igualdade salarial e o tratamento digno no ambiente de trabalho. A data representa um símbolo de luta e de autoafirmação da mulher nos mais diversos âmbitos sociais.

Na área da Medicina, o ofício da cura era exclusivamente masculino, até 1849, quando a americana Elizabeth Blackwell tornou-se a primeira mulher a receber o título de médica no mundo, após dez universidades terem rejeitado sua admissão. Trinta anos depois, Maria Augusta Generoso Estrela foi a primeira brasileira a se graduar em medicina, nos Estados Unidos, uma vez que era vedado às mulheres o acesso ao ensino superior no Brasil.

A primeira médica diplomada em universidade brasileira foi Rita Lobato Lopes, em 1887. A partir dessa data, observamos uma crescente participação feminina na área médica, culminando com o observado atualmente: a maioria dos graduandos em Medicina é mulher.

Apesar desse número progressivamente maior de mulheres na Medicina, as especialidades cirúrgicas permanecem como um nicho predominantemente masculino em todo o mundo.

A cirurgia é, de longa data, uma especialidade essencialmente masculina, devido à ideia de estar mais associada à necessidade de maior força e resistência física, formação mais demorada, exigência de maior disponibilidade de tempo e dificuldade de coordenar práticas profissionais com a vida familiar.

No campo da Cirurgia Vascular, atualmente nos Estados Unidos, as mulheres correspondem a apenas 14,6% dos profissionais atuantes. Disparidade semelhante pode ser observada no Brasil, onde os homens representam 78,8% dos cirurgiões vasculares no estado de São Paulo.

Além disso, proporcionalmente, as cirurgiãs vasculares ocupam menos espaço nos cargos de liderança e na produção acadêmica, evidenciando que, a despeito do aumento no número de cirurgiãs, seu avanço nas posições influentes e de maior prestígio permanece limitado.

No que diz respeito à remuneração, em estudo recente publicado pela FMUSP, as mulheres médicas ganham 77% de renda em comparação com os homens. A desigualdade salarial foi explicada unicamente pela questão do gênero; um paradoxo, levando em conta que no Brasil há um número crescente de mulheres exercendo a profissão de médica ou que estão nas escolas de Medicina.

Nesse processo de feminização da Medicina, destacam-se a melhor relação médico-paciente o envolvimento dos pacientes nas tomadas de decisão, a eficácia das ações preventivas, a otimização de recursos, o melhor atendimento às populações em contexto de vulnerabilidade e o respeito às preferências individuais dos pacientes.

Um longo e árduo caminho foi percorrido pelas mulheres que nos antecederam para que hoje pudéssemos escolher nossa profissão e nossa amada especialidade, a Cirurgia Vascular. Seguiremos trilhando esse percurso que nos levará ao direito das mulheres de protagonizar a tomada de decisões em todas as áreas da vida, com remuneração igualitária, divisão de trabalho doméstico e de cuidados não remunerados, e o fim de todas as formas de violência contra a mulher.


 Dra. Camila Baumann Beteli é angiologista e cirurgiã vascular. Membro da Comissão de Varizes da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV

 

 

quarta-feira, 2 de março de 2022

Óculos de realidade virtual tornam-se aliados na reabilitação de pacientes em hospital SUS


 02/03/2022


Lucas Erichsen sentia-se triste. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), onde se viu novamente isolado e distante de sua rotina. O primeiro internamento havia sido em 2017, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Três anos depois, um aneurisma e uma pneumonia o fizeram retornar ao hospital para receber cuidados médicos. Mais uma vez, todos os seus planos foram suspensos e ele deu início ao período mais difícil: a luta pela vida.

Mas o sorriso de Lucas, de 22 anos, voltou a estar estampado no rosto após ser convidado a mergulhar em um novo universo. “Ali tudo era possível, desde andar de carro até pilotar um helicóptero”, conta. A experiência vivida pelo jovem não foi magia nem alucinação. Foi, sim, parte do tratamento do fisioterapeuta Rafael Cavalli, que faz uso de óculos de realidade virtual (RV) no atendimento a pacientes do hospital 100% Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba. “A ferramenta ajuda a tornar as sessões de reabilitação mais divertidas e eficazes, auxiliando pacientes com limitações motoras na recuperação”, explica o fisioterapeuta.

De uns tempos para cá, a realidade virtual vem ganhando espaço no cotidiano. São computadores, videogames, óculos especiais e outros dispositivos que têm como principal proposta fazer com que o indivíduo se sinta imerso em uma espécie de existência fictícia. Não é de estranhar que essas ferramentas invadam os corredores de hospitais, consultórios e laboratórios. “Os óculos de RV podem ser usados para ajudar na locomoção de pacientes com mal de Parkinson, na fisioterapia de quem sofreu derrame cerebral e para amenizar os sintomas da depressão, por exemplo”, detalha Rafael Cavalli.

O que as pesquisas dizem

Inicialmente desenvolvida para o entretenimento, a realidade virtual tem sido testada no tratamento de diversos problemas de saúde, como o estresse pós-traumático. A primeira utilização da tecnologia para esse fim foi em 1997, quando pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos, realizaram um estudo com 10 veteranos de guerra traumatizados e que não haviam conseguido melhora pelas terapias convencionais. O programa, chamado Vietnã Virtual, expunha os ex-soldados a situações realistas que eles haviam vivenciado décadas antes na guerra.

Em um espaço seguro, controlado e com o acompanhamento de um profissional ao lado, a RV os levava de volta às selvas vietnamitas. Enquanto o terapeuta manipulava o software e intensificava os sons de batalha, os pacientes eram convidados a narrar seus traumas. O tratamento durou um mês e, no fim desse período, os 10 voluntários demonstraram melhora no quadro. A partir daí, foram iniciados mais testes, com número maior de participantes, tratados nos mais diversos cenários que simulavam situações distintas.

Logo, a realidade virtual se mostrou ser mais do que apenas uma ferramenta descolada para transportar o usuário para outros cenários. De acordo com pesquisa feita pelo hospital americano Cedar-Sinai, publicada no periódico JMIR Mental Health, a tecnologia também contribui para diminuir dores de pacientes. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores contaram com a ajuda de 100 pacientes diagnosticados com dor nível 3, em uma escala de 0 a 10. Metade deles usou óculos de realidade virtual e os outros 50 pacientes assistiram à televisão, ambos com cenas relaxantes. Os resultados mostraram que aqueles que usaram os óculos tiveram uma queda média de 24% na escala de dor, já para quem assistiu na tela 3D a dor diminuiu apenas 13%.

Além da dor, a RV vem sendo minuciosamente estudada como um moderno instrumento de apoio à prática fisioterapêutica, podendo ser aplicada de múltiplas formas. Recentemente, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) concluíram que o uso da realidade virtual provoca níveis leves e moderados de atividade física em pacientes da UTI. Durante as 100 sessões de fisioterapia monitoradas na pesquisa, os pacientes internados nas unidades do Departamento de Emergência do Instituto Central do Hospital das Clínicas atingiram grau leve de atividade em 59% da duração das sessões, e 38% de nível moderado de atividade.

Tecnologia que humaniza

“Não estou atendendo bem um paciente pelo que ele tem, mas pelo que ele é”. A frase do fisioterapeuta Rafael Cavalli explica a importância de iniciativas inovadoras dentro do SUS. No Hospital Universitário Cajuru, o tratamento com óculos de realidade virtual permite ouvir, oferecer conforto e compreender as opiniões dos pacientes. Longe de perder o protagonismo no processo de reabilitação, os profissionais de saúde passam a atuar como supervisores de todo processo. “Se fosse eu internado lá, será que eu ia gostar de receber apenas um tratamento padrão? A realidade virtual vem nesse sentido, de personalizar e humanizar o atendimento”, relata o fisioterapeuta.

O objetivo do tratamento de reabilitação é estimular os movimentos musculares de modo que o paciente crie uma memória motora. É nesse contexto, então, que entra a realidade virtual. Uma ferramenta inovadora na fisioterapia e que tem sido utilizada na avaliação e reabilitação de pessoas com distúrbios do movimento, do equilíbrio postural e da marcha. “Imagine um paciente que perdeu movimentos de determinadas partes do corpo e precisa se submeter à fisioterapia. E se esses exercícios pudessem ser facilitados com o uso de cenários de realidade virtual?”, questiona o fisioterapeuta.

É por essa razão que a realidade virtual já está sendo utilizada como parte do tratamento para alguns pacientes em reabilitação, como o Lucas Erichsen, sendo uma maneira mais lúdica de aplicar as atividades. “O Lucas é um paciente jovem que estava há três meses internado no hospital. Após uma conversa, descobri que ele gostava de corrida, música eletrônica e aviação. A partir disso montei um vídeo que se encaixasse naquilo e o resultado foi surpreendente”, complementa Rafael.

A humanização no tratamento devolve esperança para pacientes e permite que eles voltem a sonhar. Com um acompanhamento mais próximo e especializado, é possível reduzir o sofrimento e proporcionar um tratamento mais digno. “Foi bom receber esse carinho durante a internação no hospital. O tratamento me ajudou a evoluir e sair da depressão”, revela Lucas.