23/11/2021
Ao contrário do que muitos
acreditam, você não tem a tecnologia móvel de quinta geração (5G) em sua casa
na rede wireless chamada
5G. Seu Wi-Fi 5G é apenas uma faixa de wireless na qual funciona a frequência
de 5 GHz (gigahertz). Da mesma forma, a rede 2G do wi-fi não é mais antiga, mas
opera na frequência de 2,4 GHz. A grande diferença entre as duas frequências é
a estabilidade, melhor na de 5 GHz por oferecer banda maior. Contudo, a
frequência 2,4 GHz tem um maior alcance, chegando mais longe, com maior
cobertura e menos estabilidade.
Já a tecnologia 5G que falamos que vai revolucionar todos os
setores é a quinta geração de internet móvel sem fio. Da mesma forma que
notamos diferenças importantes com a mudança do 2G para o 3G, que nos
possibilitou usar os smartphones, e com a chegada do 4G fazer downloads mais
rápidos, o 5G vai revolucionar a nossa forma de relacionamento utilizando a
internet, com um aumento de até 100 vezes na velocidade de navegação e
download, sem a necessidade de fibra.
Imagine como será quando, após se acostumar com uma internet
ultrarrápida, você voltar ao 4G, que é a realidade de hoje. É a mesma sensação
que vivenciamos quando viajamos para uma cidade menor que só tem cobertura 3G
ou Edge, também conhecida como “2,75G”. Cada segundo se torna uma eternidade.
Essa será nossa realidade por pelo menos mais oito anos, de
acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), que prevê que
apenas em dezembro de 2029 100% dos municípios com menos de 30 mil habitantes
serão cobertos pelo 5G.
Logo, o primeiro verdadeiro impacto da tecnologia 5G para a
população será o que alguns brasileiros que já utilizam a tecnologia em outros
países relataram, que é o maior uso das telas e a falta de paciência. Estamos
caminhando para um mundo cada vez mais conectado, globalizado e ocupado.
Enquanto os especialistas defendem a diminuição das jornadas de trabalho,
caminhamos cada vez mais rápido para o aumento do tempo no meio virtual e a
diminuição das relações interpessoais presenciais. E ainda não vamos levantar a
discussão sobre o Metaverso.
Ficaremos cada vez mais impacientes porque um filme de 2 horas
demorou mais que 3 segundos para baixar fora da cobertura 5G, ou então porque
as férias em família são em uma cidade que conta apenas com 4G. Mas esse é um
ponto de discussão frente a incontáveis benefícios da nova tecnologia em todos
os setores, e principalmente na saúde.
Muito provavelmente o setor da saúde será o maior beneficiado
pela cobertura móvel 5G, não apenas pelo aumento da velocidade das
videochamadas de telemedicina, mas também pela necessidade de adaptação das
redes de transmissão. As cidades se prepararão para receber a nova tecnologia,
levando maior acesso à internet para as regiões mais remotas. Ninguém vai
querer ficar de fora da novidade e existe um plano nacional para ampliação da
rede para todo o Brasil.
As telecirurgias, ainda pouco realizadas no Brasil e no mundo
devido ao risco pela latência do sinal, serão cada vez mais vistas, com uma
equipe médica dividida em mais de um centro de saúde. Um paciente poderá ser
operado por uma equipe presencialmente em um hospital brasileiro, com apoio
técnico em tempo real de um médico americano, que poderá inclusive operar à
distância um dispositivo cirúrgico como uma câmera ou um foco cirúrgico.
A maior velocidade na captação, no armazenamento e na análise
dos dados permitirá diagnósticos cada vez mais precisos e rápidos, sem contar a
possibilidade de avanço da inteligência artificial. Terapias para tratamento de
condições neurológicas e de saúde mental poderão ser aperfeiçoadas com a
realidade virtual e a realidade aumentada.
E o maior benefício para o paciente é no aperfeiçoamento da sua
jornada, integrado à internet das coisas, que na medicina também é chamada de
IoMT (Internet
of Medical Things). Através de dispositivos integrados, como os smartwatches,
assistentes virtuais e demais wearables, conectaremos
milhares de dispositivos, sem que isso interfira na qualidade da transmissão,
possibilitando uma análise rápida e integrada dos dados do paciente para o
entendimento da sua jornada e um delineamento do seu cuidado com o paciente no
foco de toda decisão.
O fato é que a tecnologia impactará diretamente o setor da
saúde, possibilitando diagnósticos e acompanhamentos cada vez mais precisos,
integrados e rápidos, mas, quando falamos em velocidade, esbarramos na demora
da implantação da rede móvel de quinta geração no Brasil, que caminhará a
passos mais lentos que o esperado devido à necessidade de adaptação necessária
para receber a tecnologia.
Rafael
Kenji Hamada é CEO da Feluma Ventures uma
Corporate Venture Builder cujo principal objetivo é desenvolver soluções inovadoras
voltadas ou adaptadas para as áreas de saúde e educação
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