25/03/2022
O Brasil ultrapassou a marca
de 500 mil médicos. Desses, segundo dados do Conselho Federal de Medicina
(CFM), aproximadamente 433 mil têm pelo menos uma especialização. E algo em
torno de 40% dos recém-formados optam pela residência em clínica geral, ginecologia
e obstetrícia, pediatria ou cirurgia geral. Por outro lado, os dados mostram
que há amplo espaço para ampliação do número de especialistas em saúde da
família no país.
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina da Família e
Comunidade (SBMFC), o Brasil precisa de 70 mil médicos para atender toda a
população de forma ideal. Hoje, atuam no país 7.149 médicos da família. Nos
últimos dois anos houve um aumento de 30% na formação de profissionais da
especialidade. Na última década, o crescimento foi de 171%.
Diretora técnica da AsQ, empresa especializada em gestão da
saúde, a médica Carla Biagioni diz que nos últimos dez anos houve significativo
aumento da remuneração e de estrutura em saúde para atuação deste profissional.
“Há uma mudança cultural da população e dos processos de gestão centrado no
médico da família. Atuamos na manutenção da saúde física e mental do paciente,
reduzindo a necessidade de internação hospitalar. Esse atendimento
individualizado vem mudando a dinâmica do mercado de saúde”. Segundo ela, uma
mudança no foco no atendimento ao paciente, com valorização da promoção da
saúde e prevenção de doenças, impulsiona o segmento da Atenção Primária à
Saúde, área de atuação do médico da família.
Médico, professor da disciplina de saúde da família e comunidade
do IDOMED em Jaraguá do Sul, Michel Jorge de Oliveira explica que o médico da
família tem uma visão ampliada de saúde. “Os alunos são treinados para atender
todos os ciclos da vida das pessoas, da gestante, ao idoso, com alto índice de
satisfação e resolutividade dos problemas”.
Ainda conforme o professor, 80% dos casos atendidos pelo médico
da família são resolvidos por visitas domiciliares ou no consultório, sem
necessidade de internação hospitalar dos pacientes. “Antes era só o SUS que usava
esta estratégia no Brasil, mas agora ela ganha espaço no setor privado,
principalmente entre as operadoras de planos de saúde. Promover a saúde garante
a criação de vínculos entre o médico e o paciente e possibilita cuidados antes
que o indivíduo adoeça”, acrescenta Oliveira.
Na avaliação de Eliezer Walter Menezes Filho, médico e professor
da IDOMED, na última década houve a consolidação do modelo voltado ao
atendimento familiar em virtude do alto índice de resolutividade dos casos. “Os
jovens estão buscando a área da família porque ela permite desenvolver um olhar
humanista e empático com o paciente. Podemos também tratar doenças crônicas
como pressão alta e diabetes, antes que acontecesse um acidente cerebral ou
amputação de membros, por exemplo. Essa visão é muito satisfatória, porque nos
posiciona como um amigo do paciente, aumentando nossa possibilidade de acerto
clínico”.
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