06/05/2022
É fácil reconhecer a
importância da visão em nossas vidas. Setenta por cento das informações que
recebemos do meio onde vivemos são percebidas por meio da visão. De toda a
energia dispendida para o funcionamento do cérebro humano, 40% é destinada a
processar informações relacionadas à visão. É fundamental enxergar bem para
termos um desempenho adequado em nossas vidas.
Para
entendermos o olho humano com mais facilidade, podemos compará-lo a uma máquina
de fotografia na qual temos o filme para registrar as imagens. As lentes da
máquina podem ser comparadas com a córnea humana e o cristalino. Essas duas
lentes, juntas, fazem a focalização da imagem. Assim como podemos controlar a
quantidade de luz para uma boa fotografia, os olhos humanos dispõem da íris – colorido
do olho – e da pupila, buraco de entrada, para permitir a entrada da quantidade
certa de luz. E, no fundo do olho, temos o nosso filme, representado pela
retina. Posteriormente, este filme deve ser levado por ‘alguém’ até o
laboratório, que vai revelar as imagens, é o nosso nervo óptico e o córtex
visual no cérebro.
O ser
humano desenvolveu várias adaptações para poder enxergar bem. As pálpebras para
manter a proteção e a lubrificação adequada, a posição dos dois olhos em
relação à cabeça, que permitem uma visão binocular de profundidade, e uma
qualidade óptica muito boa.
Nós,
oftalmologistas, temos como profissão cuidar deste nobre sentido: a visão.
Cuidamos desde as pálpebras em sua funcionalidade e aspectos estéticos,
passando pela lubrificação ocular, córnea, cristalino, retina, visão binocular,
até a percepção da imagem em nosso córtex visual. Após o curso de medicina,
para cuidar de cada uma dessas estruturas, os oftalmologistas estudam, em
média, 5 anos adicionais.
Prevenção
Apesar
de todos reconhecerem que a prevenção das doenças é fundamental para cuidarmos
de nossa saúde, poucos têm a consciência de realizar consultas preventivas. Na
oftalmologia existem algumas fases da vida, quando as pessoas devem fazer uma
consulta, mesmo sem queixas específicas.
Tudo
se inicia no nascimento, com o teste do olhinho. Não exclusivamente realizado
pelo oftalmo, é um exame importante para prevenir casos graves de redução da
visão. Ainda antes da alfabetização, por volta dos 5 anos de idade, a criança
precisa ser examinada para prevenir problemas no aprendizado. Crianças que
enxergam mal podem ser rotuladas como hiperativas ou com dificuldades diversas
de cognição, quando, na verdade, precisam de óculos.
Ao
longo da adolescência, filhos de pessoas míopes, ou que possuam outras
condições familiares, precisam ser examinados. Atenção especial deve ser dada
aos adolescentes que estudam muito no cursinho. Casos de cefaleia ou
dificuldade de concentração podem ser explicados pela presença de pequenos
graus de astigmatismo, ou outro defeito qualquer, e que facilmente podem ser
diagnosticados.
Já na
idade adulta, com a vida moderna e o uso excessivo do computador, cada vez mais
percebemos alterações significantes da lubrificação ocular, que podem levar a
olhos vermelhos, lacrimejamento, coceira e diminuição da capacidade laborativa.
Entre
os 45/50 anos de idade, inicia-se a fase na qual a visão fica cansada, a
chamada presbiopia. A pessoa relata dificuldades para ler ou fazer trabalhos
manuais, bem como dificuldade para enxergar os detalhes de perto. Nesta fase, é
fundamental um check up da visão, pois podem aparecer
doenças como Glaucoma, ou mesmo a catarata. É uma fase difícil, pois o restante
das atividades físicas está preservado, com o corpo e a mente funcionando como
jovens, mas a visão pede óculos para ler ou os óculos multifocais. A partir
daí, uma avaliação anual é preconizada.
Catarata
e o glaucoma são preocupações que devem ser acompanhadas para o resto da vida,
mas, já na senescência, problemas como a DMRI (degeneração macular relacionada
à idade) são nossa preocupação mais frequente.
Tecnologia
A
oftalmologia talvez seja a especialidade médica que mais depende dos avanços
tecnológicos. Dispomos de equipamentos automatizados desde o momento que o
paciente entra na clínica, medindo a pressão e o grau dos olhos, até
equipamentos para verificar a saúde da córnea, diagnóstico da catarata, e
avaliar a saúde da retina e nervo óptico.
Na
oftalmologia, todas as cirurgias são realizadas com equipamentos sofisticados
auxiliados pelo microscópio cirúrgico. Já dispomos de equipamentos de raios
laser até para as cirurgias de catarata e retina, e a segurança das cirurgias
tem aumentado a cada ano.
A
oftalmologia é uma especialidade maravilhosa. Cuidar da visão das pessoas é a
missão de todos nós oftalmologistas. Promover a qualidade de vida, restaurar e
a visão é muito gratificante!
Amo
minha profissão.
Hamilton
Moreira é professor de Oftalmologia da Faculdade Evangélica
Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e é ex-presidente do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia. Possui pós-graduação em Córnea e Catarata pela USC-Califórnia
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