06/05/2022
Na faixa etária até os 19
anos de idade, a gravidez é considerada de alto risco para as gestantes, fetos
e recém-nascidos. Mais do que uma questão de saúde física, essas gestações
impactam no agravamento de problemas sociais, biológicos e psicológicos das mães,
sendo a gravidez na adolescência um grande desafio não só à saúde pública, mas
à sociedade. Segundo dados preliminares do Sistema de Informações sobre
Nascidos Vivos – SINASC, 380 mil filhos de mães adolescentes (até 19 anos)
nasceram no Brasil em 2020.
Neste
ano, o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), deu início ao projeto
Adolescentes Mães – O impacto da gravidez precoce. A iniciativa – em parceria
com o Ministério da Saúde e desenvolvida pelo Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) –
recrutará, nas cinco regiões do Brasil, 1.200 participantes: mães adolescentes
(até 19 anos), mães adultas (idade entre 20 e 30 anos incompletos) e seus
filhos. O objetivo é comparar o perfil e o impacto biopsicossocial das mães
adolescentes em relação a mães adultas, com enfoque maior nos casos de
ansiedade e depressão. O projeto também se propõe a desenvolver vídeos,
podcasts e cartilhas informativas sobre educação abrangente em sexualidade
responsável visando a conscientização da população.
Para
o médico líder do projeto, Tiago Chagas Dalcin, os resultados, que devem ser
divulgados no segundo semestre de 2023, serão de grande valia para o Sistema
Único de Saúde (SUS). “O foco da pesquisa é a avaliação do impacto da gestação
na saúde da adolescente e também no desenvolvimento do seu filho. É uma questão
muito complexa que precisa ser melhor avaliada no Brasil. O impacto de uma
gestação em uma adolescente é diferente de uma mulher que teve gravidez na vida
adulta. Iremos medir também os impactos das gestações do ponto de vista
econômico para o SUS. Os resultados serão valiosos para a saúde, uma vez que
servirão de base à formulação de novas políticas públicas, já que a gravidez
precoce é acompanhada por diversas mudanças sociais – como o aumento da
mortalidade infantil, pobreza e abandono dos estudos”.
O
especialista salienta que “há uma estreita relação entre a educação e a
gravidez precoce no Brasil. Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) demonstram maior frequência de gravidez em adolescentes de 15
a 19 anos sem escolarização do que naquelas com 9 a 11 anos de estudo. Por esse
motivo, o trabalho educacional é necessário para a conscientização e,
consequentemente, para a redução da taxa de natalidade por adolescentes no
país”.
O
projeto também oferecerá capacitação aos profissionais que atuam na Atenção
Primária à Saúde (APS) no Brasil por meio de um curso com 20 horas de aulas na
modalidade de Educação a Distância (EAD). Além disso, disponibilizará materiais
educativos desenvolvidos por especialistas do Hospital Moinhos de Vento, em
formato digital, para livre acesso.
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