20/05/2022
A Associação Brasileira de
Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde – ABRAIDI – acaba de
concluir um amplo estudo setorial que chega em sua 5ª edição e foi apresentado
em evento híbrido (online e presencial), em São Paulo, com debates sobre soluções
para a saúde pública e privada. A pesquisa “O Ciclo de Fornecimento de Produtos
para Saúde no Brasil” trouxe dados revelando que o SUS encolheu nos últimos
dois anos, por conta de quedas sucessivas nos procedimentos eletivos e na
aquisição de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs), além de uma
tabela de preços de referência que inviabiliza a comercialização e as empresas
de produtos para a saúde já têm deixado de fornecer ano após ano.
“Com a pandemia de Covid-19, os brasileiros tiveram a clara
noção da importância de termos um sistema público de saúde que funcione, já que
o SUS atende mais de 75% da população”, destacou o presidente da ABRAIDI,
Sérgio Rocha que completou: “mas, infelizmente, a nossa pesquisa constatou que
o SUS saiu menor dessa pandemia do que antes dela”. O consumo de produtos para
a saúde que, em 2019, estava em R$ 1,522 bilhão, caiu para R$ 1,333 bi, em 2020
e, no ano passado, recuou ainda mais para R$ 1,276 bi, ficando no menor patamar
dos últimos 7 anos, enquanto o sistema privado já reagia em relação à crise
sanitária“.
“A paralisação dos procedimentos eletivos poderiam justificar
essa dupla queda, em 2020 e 2021, mas no segundo semestre, o setor privado
retomou as cirurgias programadas e o SUS tem se mostrado muito mais moroso
nessa volta do que imaginávamos. Fato que é extremamente preocupante, pelo
gargalo que naturalmente já existe nos atendimentos públicos”, contextualizou
Rocha. Os 10 principais gastos realizados pelo SUS, no ano passado, foram:
stents farmacológicos (10,7%), stents para artéria coronária (7,7%),
marca-passo (6,6%), cateter balão para angioplastia (3,8%), desfibrilador
implantável (3,5%), conjunto para circulação extracorpórea (3,2%),
desfibrilador com marca-passo (3,1%), grampeador cirúrgico (2,7%), prótese para
implante coclear (2,4%) e dispositivo para fixação de haste (2,4%).
Embora o SUS movimente grandes volumes de recursos e materiais
por atender mais de 210 milhões de brasileiros, sendo que mais de 75% dependem
exclusivamente dele para qualquer assistência de saúde, o setor público vem
perdendo espaço no faturamento dos associados ABRAIDI. A participação das
fontes pagadoras privadas no faturamento dos associados da ABRAIDI tem crescido
de maneira inversamente proporcional à queda de participação do setor público.
De 2018 para o ano passado, o SUS representou, respectivamente, 27%, 22%, 19%
e, por fim, apenas 17%do faturamento das empresas.
“Um dos principais motivos é a defasagem da tabela de valores de
referência pagos pelo SUS, que permanece sem reajuste há cerca de 20 anos e
que, recentemente, sofreu redução significativa nos valores de uma cesta de
produtos da área cardiológica, agravando ainda mais a situação”, lembrou Sérgio
Rocha. “Vale destacar que entre os 10 itens mais consumidos pelo SUS somente
dois não estão relacionados com à cardiologia”, complementa. As doenças
cardiovasculares representam as principais causas de morte no Brasil com cerca
de 30% de todos os óbitos. “Deveria receber mais atenção e não o contrário”,
completou.
Já em relação à distribuição do faturamento dos associados por
tipos de clientes, a participação do SUS é ainda menor: 9% vêm de hospitais
públicos, 25% de hospitais privados, 28% de operadoras ou planos de saúde não
integrados a hospitais (não verticalizados) e 28% de operadoras ou planos de
saúde integrados a hospitais (verticalizados).
“É inegável a importância do SUS no Brasil, com uma população
carente tão grande, mas se ele é tão importante, precisa ser prioridade em
todos os sentidos, principalmente na destinação de recursos e não o
contingenciamento dos mesmos”, concluiu Sérgio Rocha.
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