06/05/2022
A TI vem se tornando core
business em todos os segmentos de negócios, circunstância
impulsionada significativamente pela pandemia. Em 2019 e 2020, o mundo
corporativo passou pelo desafio da sobrevivência e, consequentemente, pela
necessidade de transformar e se reinventar. A área da saúde, em especial,
precisou acelerar para se adequar a uma grande transformação digital, tema que
não recebia tanta prioridade antes dessa crise global.
A mudança para o mundo digital, no entanto, é mais complexa do
que parece. Não se trata somente de trocar o papel pelo computador, mas sim,
depende de uma transformação cultural envolvendo todas as fases do processo de
atendimento, desde a entrada do paciente na recepção do hospital, passando por
todo ciclo assistencial, até chegar ao faturamento e ao departamento financeiro
da instituição. Além disso, os processos e as integrações entre sistemas
internos e externos precisam respeitar os preceitos da Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD).
Uma das principais barreiras para que a digitalização avance com
mais velocidade está ainda no pouco entendimento das instituições de que a
tecnologia é base para os seus negócios e o quanto ela pode impulsionar um
serviço de excelência.
Em ambientes que dispõem de uma alta gama de dados sendo
processados diariamente e com dezenas de atividades ocorrendo simultaneamente,
os softwares se tornam essenciais para a execução eficiente em tarefas
cotidianas, reduzindo o volume de trabalhos manuais e por consequência o custo,
permitindo o monitoramento de todas as áreas de forma integrada, agilizando
tarefas, eliminando glosas e retrabalho, entre outros fatores importantes para
o bom funcionamento do negócio, permitindo que os profissionais de saúde possam
se concentrar no que, de fato, é mais importante: o cuidado com o paciente.
Atualmente, já é perceptível um movimento de aceitação do setor
referente a adoção de tecnologias, porém ainda muito tímido. Pesquisa realizada
pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas,
mostra que os gastos e investimentos em tecnologia na saúde somam apenas 4,5%
do mercado. O levantamento foi realizado em parceria com a Associação Nacional
de Hospitais Privados (Anahp), que representa 56% dos leitos dos hospitais
privados.
Mas, mesmo que timidamente, a pandemia impulsionou e acelerou
diversos processos com plataformas que precisaram ser adotadas rapidamente pelo
setor. A telemedicina ou teleatendimento, por exemplo, cresceu muito desde
2020. É um caminho sem volta. De acordo com dados da Saúde Digital Brasil
(Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital), entre 2020
e 2021, mais de 7,5 milhões de atendimentos foram realizados, por mais de 52,2
mil médicos, via telemedicina no Brasil. A modalidade colabora para a
humanização do atendimento médico, estreitando o vínculo entre o profissional e
o paciente, essa proximidade vem impactando positivamente para uma medicina
mais preventiva e ajudando a reduzir o número de internações e consultas
físicas em hospitais e unidades de pronto atendimento. Como consequência, as
operadoras de planos saúde também arcam com menores custos de exames e
procedimentos muitas vezes desnecessários.
Outra tendência chegando com força é a interoperabilidade de
dados, que permite que o médico tenha no momento do atendimento todas as
informações do histórico clínico do paciente, incluindo exames e laudos, mesmo
que os atendimentos anteriores tenham sido realizados em outras instituições.
As barreiras nesse caso vão além da tecnologia, uma vez que diferentes
instituições de saúde teriam que compartilhar suas informações com redes
concorrentes, contudo uma vez que o paciente é dono dos seus dados, ele pode
ser o elo para uma interoperabilidade mais fluída, através de tecnologias que o
permitam ter armazenado seu próprio histórico clínico e compartilhá-lo com as
instituições que desejar.
Atenta a necessidade de transformações do setor, a indústria de
softwares e tecnologia para saúde vêm impulsionando a construção de ferramentas
inovadoras que possam simplificar e aperfeiçoar ainda mais a saúde no Brasil. O
que se almeja é que hospitais e outras instituições de saúde possam se adequar
ao novo momento atendendo um maior número de pacientes preventivamente, que
sejam mais inclusivos (atendendo também à longas distâncias com a
telemedicina), que possam trazer melhorias com a redução de custos e outros
benefícios, que sejam preparados para adversidades como o caso do Coronavírus,
e que possam, assim, salvar mais vidas.
Em conjunto todos somos mais fortes. Com o esforço da indústria
de tecnologia aliado ao engajamento das instituições de saúde em relação às
mudanças necessárias, o sistema de saúde do Brasil de fato trilhará um caminho
promissor em prol do bem-estar dos pacientes e de uma saúde cada vez mais
digital.
Andrey
Abreu é Gerente de Sistemas da MV
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