04/05/2022
A utilização de técnicas
minimamente invasivas, como o laser, sinaliza avanços positivos nas
neurocirurgias. Além do da redução do tempo cirúrgico e de internação, a
técnica proporciona a extração de tumores com muito mais precisão e segurança.
No Brasil, terapias com laser vêm sendo utilizadas há cerca de quatro anos. Em
Ribeirão Preto (SP), no Hospital Unimed, no início do mês, uma cirurgia de alta
complexidade de tumor cerebral usou a tecnologia no intraoperatório e foi
considerada um sucesso. O procedimento foi realizado em uma mulher de 39 anos,
que após quatro dias obteve alta médica e está em casa se recuperando sem
nenhuma sequela.
A intervenção cirúrgica foi comandada pelo neurocirurgião Breno
Nery e contou com a participação de uma equipe composta por mais um
neurocirurgião, anestesistas e um neurofisiologista. Segundo o médico, trata-se
de um caso complexo de tumor cerebral na base do crânio, conhecido como
Meningioma do Forame Magno, localizado na transição entre a cabeça e a coluna
cervical. É uma patologia rara, que representa um dos mais desafiantes tumores
do sistema nervoso central em relação ao seu tratamento cirúrgico.
O médico Breno Nery explica que nesta região há estruturas
importantes, desde vasos, como a artéria vertebral e cerebelar inferior
posterior (da cabeça), até nervos cranianos baixos. “É uma região com muitos
nervos. Se há uma lesão durante a cirurgia, o paciente pode ficar com sequelas
grandes como rouquidão e dificuldades para engolir e respirar”, explica.
Para a remoção do tumor no pré-operatório, foi realizada uma
embolização, ou seja, a retirada de toda a vascularização do tumor para que ele
sangrasse menos. Dessa forma, a equipe médica conseguiu ter uma visão correta
da anatomia da região para, então, utilizar o laser. “Com o laser foi possível
destruir a célula tumoral de maneira extremamente precisa, sem atingir nenhum
nervo da região”, destaca o neurocirurgião.
Normalmente, em uma operação desse porte uma equipe médica leva
em torno de 8 a 10 horas para concluir a extração de um tumor. Neste
procedimento, com uso do laser, o tempo da microcirurgia foi em torno de 1h20 e
a cirurgia total levou 3 horas e meia. “É uma intervenção que se torna muito
menos perigosa, mais precisa e que é possível destruir a célula com grande facilidade.
Com o uso do laser, junto com o aspirador ultrassônico, é possível a remoção
muito mais rápida e segura”, avalia o médico, destacando que, neste tipo de
tumor, é muito difícil extrair sua base de implantação porque é necessário
cortar regiões que não podem ser manipuladas. “O uso da tecnologia permitiu um
menor tempo cirúrgico e minimizou as possíveis sequelas da paciente, que teve
alta médica em cinco dias após a cirurgia”, completa Nery.
De acordo com o médico, em cirurgias de base de crânio o paciente
geralmente fica internado durante duas semanas, por conta da necessidade do uso
de sonda no período pós operatório. Em alguns casos, são necessários, também,
alguns procedimentos como a traqueostomia.
O uso de laser
A tecnologia do raio laser – luz monocromática que concentra um
feixe de luz de alta intensidade direcional e coerente – vem colaborando de
forma bastante positiva no processo de retirada de tumores em áreas perigosas,
pois possui propriedade especiais que o transformam em um poderoso instrumento
de uso científico. Com a técnica, a temperatura da célula tumoral é elevada de
uma forma tão intensa que ela desidrata e morre.
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