20/09/2022
Uma manhã ensolarada,
médicos, equipe multidisciplinar e pacientes que passaram por transplante e
outros que aguardam um órgão fazendo exercícios físicos e confraternizando. Foi
assim o 1º Circuito ao Ar Livre dos Transplantados do Hospital de Base, realizado
neste sábado (17), na Praça do Vivendas.
Na região de São José do Rio Preto (SP), 75% das famílias
autorizam a doação de órgãos, número superior aos 60% da média estadual. A taxa
de doadores é de 25 pessoas por milhão de habitantes, acima da média nacional,
que é de 18 por milhão. No primeiro semestre de 2022, dezenas de vidas foram
salvas a partir das captações realizadas pela OPO, sendo dois pâncreas, dois
pulmões, três corações, 17 fígados e 51 rins.
O evento foi realizado em alusão ao Setembro Verde, mês de
conscientização sobre a importância da doação de órgãos. “Nosso objetivo é que
os transplantados participem desta festa para mostrar que eles estão
reabilitados, que estão tendo uma nova opção de vida e podem ter uma vida
normal, com atividades físicas e convívio social”, explica o Dr. João Fernando
Picollo, coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de
Base, que abrange toda a região.
Caso de Narciso José Filho, aposentado de 71 anos, morador de
Talhado, que há quase 22 anos recebeu um rim. “Fiz diálise e hemodiálise por
anos. Com o transplante, eu nasci de novo, graças a Deus e à família que doou.
Eu sempre valorizei a vida, mas passei a valorizar mais porque a gente dependia
de mostrar para a população que o transplantado sobrevive”, diz.
A esposa dele, a dona de casa Neusa Maria de Lima, de 69 anos,
ressalta que é muito importante que as famílias autorizem a doação de órgãos.
“Vocês não têm ideia da alegria quando a gente recebe esse chamado. É como se
ganhasse um prêmio na loteria”, afirma.
Para muitos pacientes, o transplante é a única possibilidade de
continuar vivendo, como é o caso do coração e do pulmão, por exemplo. “Quando o
paciente chega para nós para ser avaliado, sabemos que as chances dele
sobreviver nos próximos anos sem o transplante são menores que 50%, baseados
nas estatísticas mundiais”, explica o Dr. Henrique Nietmann, cirurgião torácico
e chefe do Serviço de Transplante de Pulmão do HB, o único serviço do tipo
localizado fora de uma capital.
Autorização
Durante a pandemia, caiu a quantidade de transplantes de todos
os órgãos, e agora que o mundo começa a sair deste quadro crítico graças às
vacinas, é necessário retomar e ampliar o ritmo de transplantes. “A gente está
voltando à nossa rotina e que isso permita que a gente volte a buscar os nossos
sonhos. Para esses pacientes que são portadores de doenças graves, o sonho
deles é uma vida melhor. Esse momento é um renascimento para nós como equipe
como para os pacientes e acho que isso pode sensibilizar as pessoas a serem
doadoras”, considera o Dr. Henrique Nietmann.
Essa espera a dona de casa Sueli Francisca, de 59 anos, conhece
bem. Portadora de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ela está na fila
por um transplante de pulmão há um ano e meio. “Não é nada fácil, muito
sofrimento. A falta de ar é muito constante, eu dependo de oxigênio para tudo,
24 horas por dia, é muito sofrimento, não é sempre que estou bem. A gente vai
levando, mas não é fácil a rotina”, conta.
Dona Sueli garante que o transplante é tudo o que mais quer.
“Minha malinha está no jeito. Quero voltar a viver.”
No Brasil, a única forma de viabilizar a doação de órgãos é por
meio do consentimento familiar após a morte encefálica. Por isso, Dr. João
Fernando Picollo ressalta que é essencial que as pessoas que têm o desejo de
doar órgãos informem os parentes mais próximos. “Somente a família pode
autorizar e consentir”, reforça.
A Cura D'Alma
Nenhum comentário:
Postar um comentário