30/09/2022
Evento, promovido pelo Hospital Santa Teresa, encerra programação do
Setembro Verde
“Alcançamos pela primeira vez a marca histórica de mais de 50 mil pessoas na
fila aguardando por um transplante. Precisamos entender que o transplante dá
mais chances ao paciente continuar vivendo, com qualidade de vida e com menor
custo para o sistema de Saúde”, esclareceu o presidente da Associação
Brasileira de Transplantes (ABTO), o médico Gustavo Fernandes Ferreira, que
também é coordenador do Serviço de Transplante Renal de Juiz de Fora, durante o
ciclo de palestras promovido pelo Hospital Santa Teresa, na última
quarta-feira, para marcar o Setembro Verde.
Ferreira defendeu o amplo debate com a sociedade sobre a doação de órgãos para
reverter o quadro atual de transplantes no país, que tem apresentado queda nos
últimos três anos consecutivos. “O programa de transplantes do Brasil, que é o
maior programa público do mundo, sofreu com os dois anos de pandemia, sendo
duramente impactado pela redução de doações, mas também pela perda de pacientes
transplantados e pacientes que aguardavam por um transplante”, contou o
presidente da ABTO, ressaltando que também é importante ampliar a discussão
sobre as doações de órgãos em vida, como é o caso do fígado e do rim. “Infelizmente,
não é uma realidade dizer que os doadores mortos suprem a necessidade. A doação
de pessoas vivas precisa ser lembrada como uma fonte importante de órgãos, já
que propicia chances maiores de bons resultados para o paciente”, explicou,
acrescentando que 186 mil pessoas realizam tratamento de hemodiálise no país,
mas apenas 20% conseguem entrar na fila para espera de um órgão.
O médico Sandro Montezano, representante do Programa Estadual de Transplantes
(PET), também participou do evento e ressaltou a lisura e transparência de todo
o processo desde a identificação dos possíveis doadores até a realização da
doação e a cirurgia do transplante: “São muitos itens de segurança aplicados
durante todo o processo. O sistema é seguro e blindado para que não haja nenhum
escape ético e legal que possam colocar em dúvida a credibilidade e seriedade
do programa”, disse conclamando a sociedade e os profissionais de saúde a lutar
pela causa. “Precisamos fazer muito mais porque existem muitas pessoas
precisando de um órgão. No Rio de Janeiro, realizamos em média de 280 a 310
doações por ano, enquanto a fila só aumenta. Este ano, 1530 novos pacientes
entraram na fila no Rio de Janeiro”, informou.
O evento também contou com a participação de duas pacientes transplantadas,
Consuelo de Carvalho Leite e a triatleta Natanne de Oliveira, que contaram as
suas experiências; da coordenadora de psicologia do HST, Jociane Gatto e da
assistente social, Tamires Ferreira, que falaram sobre o acolhimento familiar;
e dos enfermeiros Thauan Pereira e Julio Barros, que realizaram uma simulação
de caso de morte encefálica.
O Hospital Santa Teresa é referência na região na captação de órgãos e o único
hospital a contar com uma Comissão Intra-hospitalar para Doação de Órgãos e
Tecidos para Transplante (CIHDOTT). O trabalho na instituição é realizado desde
2006 e foi responsável por 55 captações na última década. “Este é um trabalho
muito bonito que nos coloca entre os principais captadores do estado. Apesar de
ser um momento de muita dor para a família, pode ser um alívio para quem
precisa de um órgão. Atuamos dando conforto às famílias e ressignificando esse
momento”, declarou Leonardo Menezes, que se despede da direção executiva do
hospital.
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