14/12/2021
Em 2022, a ênfase em saúde
digital será mais forte do que nunca, no Brasil e no mundo. Estudo da Organização
Mundial da Saúde mostra que até 2025, a integração entre
medicina e tecnologia será crítica para garantir a entrega de serviços de saúde
a todas as populações, em todos os países. Pesquisa da empresa de digital
health Zebra Technologies divulgada em novembro de 2021 entra
nos detalhes dessa jornada. Esse levantamento foi feito a partir de 1532
entrevistas com profissionais de saúde e de TI de dez países, incluindo o
Brasil (305 das respostas). Cinco áreas são as que mais preocupam as pessoas
que trabalham com saúde: monitoração remota dos pacientes por meio de
dispositivos IoT, melhoria contínua das condições da telemedicina (consultas
virtuais baseadas em videoconferência), uso de recursos de inteligência
artificial e Big Data para analisar dados e suportar pesquisas, promover a
interoperabilidade entre diferentes plataformas/tecnologias de saúde e,
finalmente, usar recursos de nuvem de forma segura (privacidade de dados).
A inovação em medicina passa, necessariamente, pela disseminação
do uso de tecnologias cada vez mais avançadas e disruptivas. Isso é feito
dentro de uma visão colaborativa em que a infraestrutura digital garante a
conexão entre profissionais de saúde localizados em diferentes instituições,
cidades, países.
Orçamentos reduzidos
O outro lado desse quadro diz respeito às condições reais
enfrentadas pelo setor de saúde em relação à essa evolução. Pesquisa realizada
pelo Gartner no
final de 2020 com 1000 CIOs de várias verticais e 64 países – incluindo líderes
brasileiros de tecnologia da vertical saúde – revela que 41% dos CIOs do setor
de saúde disseram que enfrentam, ano após ano, reduções em seus orçamentos.
O quadro fica ainda mais complexo quando se analisa os desafios
trazidos pela relação entre a extensão geográfica do Brasil e a real oferta de
profissionais de saúde. Dados do Conselho
Federal de Enfermagem de março de 2021 indicam que o Brasil
conta com 6.649.307 profissionais de saúde – médicos, enfermeiros e técnicos de
saúde. Esse contingente está distribuído de forma não homogênea pelo país.
Segundo o Conselho
Federal de Medicinal, o país conta com 1 médico para cada 470
habitantes. Nas regiões Norte e Nordeste, porém, a quantidade chega a 1 médico
para cada 953,3 e 749,6 brasileiros, respectivamente.
A pandemia acelerou o uso de soluções de saúde digital em todo o
país, representando uma solução inovadora para esse quadro.
É nesse contexto que, em 2022, torna-se premente prevenir as
falhas na gestão dos ambientes digitais de hospitais, clínicas e laboratórios.
A meta é incluir os recursos digitais da organização de saúde dentro de uma
visão de governança que trabalhe pela continuidade dos processos, a favor da
vida.
Heterogeneidade dos ambientes
de saúde traz desafios ao gestor
Muitas das dificuldades são causadas pela profunda
heterogeneidade dos dispositivos e plataformas digitais utilizados no setor de
saúde. São tecnologias que nasceram proprietárias e, muitas vezes, sem
conectores para o ambiente de TI. Essa realidade faz de um hospital, por
exemplo, uma colcha de retalhos de protocolos e tecnologias díspares.
Um médico pode, por exemplo, ter problemas para acessar as
imagens de raios X em seu tablet, durante uma visita ao leito do paciente.
Diante dessa falha, o profissional pode ligar inicialmente para a estação de
raios X, pedindo ajuda. Se a indisponibilidade continuar, é provável que o
médico tenha de acessar o Service Desk da TI do hospital. Nesse momento, o
profissional do Service Desk irá checar as condições do PACS (SACI – Sistema de
Arquivamento e Comunicação de Imagens). Se nenhum erro for identificado, é
possível que o chamado escale dentro da TI – será necessário realizar checagens
sobre a rede e os sistemas de TI, como bancos de dados, sistemas de
armazenamento, servidores, rede e WLAN. Quando o erro que impede o médico de
trabalhar é finalmente identificado e corrigido, diversos departamentos e
numerosos sistemas proprietários de diversos setores terão sido envolvidos.
Isso é o oposto do que acontece com a organização de saúde que
utiliza uma plataforma de monitoramento “White Label” que integra
em uma única interface todos os dados de todos os dispositivos e sistemas
hospitalares e de TI. Com isso, a área de TI conseguirá contar com um ponto
central de monitoramento de todo o seu ambiente digital. Quando for necessário,
poderá configurar dashboards específicos para
profissionais de saúde que precisam ter uma visão detalhada do que se passe em
seu setor, em cada uma das tecnologias digitais em uso.
Falhas digitais afetam o
atendimento ao paciente
Além de evitar danos causados por
interrupções e perdas de
desempenho, o monitoramento pode desempenhar um papel importante em ajudar a
organização de saúde a
economizar dinheiro: o monitoramento de longo prazo otimiza as infraestruturas
de TI e o tempo dos profissionais desta área. Uma solução de monitoramento para
um hospital inteiro, por exemplo, unifica o cenário dos aplicativos e libera os
experts em TI para se focar em inovação.
Para isso, a plataforma precisa ser fácil de usar e, acima de
tudo, oferecer a possibilidade de preparar claramente as informações certas
para as pessoas certas – incluindo médicos –, alertando as pessoas relevantes
de maneira direcionada e usando mecanismos de escalação para garantir que
nenhum alarme passe despercebido.
Sem a correta resolução dos desafios de monitoração da
ultracrítica vertical saúde, a maturidade digital da organização de saúde fica
fragilizada e o atendimento aos pacientes, também.
Privacidade de dados
É importante, ainda, que a solução de monitoramento escolhida
não possa acessar dados de pacientes diretamente, mas somente registrar o
status dos dispositivos ou as informações acerca do transporte e armazenamento
dos dados. Dessa maneira, a organização de saúde trabalhará alinhada à LGPD,
Lei Geral de Proteção de Dados.
Às vésperas de 2022, é fundamental elevar o grau da maturidade
digital de hospitais, clínicas e laboratórios. Simplesmente não é mais possível
falar de saúde e não falar de saúde digital. Quanto mais sólida e monitorada a
base tecnológica desse setor, melhor será a saúde do brasileiro.
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