01/12/2021
Segundo dados do Censo
Mundial de Marca-passos e Desfibriladores, cerca de 300 mil brasileiros
utilizam marca-passos no país e aproximadamente 49 mil realizam o implante
desse tipo de dispositivo por ano. Estigmatizado como um dispositivo que pode
sinalizar possíveis limitações de saúde, os relatos de os pacientes que os
utilizam apontam um outro conceito – a oportunidade de viver e exercer
atividades que exigem esforços físicos, antes limitadas por um problema
elétrico do coração.
Especialista no desenvolvimento de marca-passo, a Medtronic
lança o primeiro dispositivo sem os cabos-eletrodos, ou seja, sem os condutores
que levam o impulso elétrico. O tamanho do dispositivo impressiona. São apenas
20mm de comprimento, similar a uma cápsula de vitamina, e é o menor do mundo,
pesando menos de 2g. O design minúsculo permite que o implante seja minimamente
invasivo. Os marca-passos tradicionais deixam uma elevação visível na pele na
região acima do coração. No caso do Micra, a discrição é preservada, dando
liberdade aos pacientes que não ficam com traumas estéticos e possam praticar
exercícios físicos.
A inexistência de eletrodos reduz o risco de infeção grave
causada pelo contato dos cabos com a corrente sanguínea e elimina as infecções
da pele do tórax no local do implante. Não é incomum alguns pacientes
precisarem fazer a extração dos cabos-eletrodos por conta do grau de infecção,
microfraturas ou tromboses causadas pelos extensos eletrodos. Entretanto, o
maior benefício do Micra está na performance do equipamento, e de como ele
preserva o sistema venoso, área responsável por transportar o sangue
desoxigenado para o coração.
Isso quer dizer que, além de eliminar o risco de infecção, a
área venosa fica conservada para a necessidade de tratamentos futuros, como
hemodiálise ou quimioterapia. Outro destaque é a durabilidade da bateria, de
até 12 anos. A maioria dos dispositivos convencionais têm durabilidade de 6 a 8
anos em média.
Para Carlos Eduardo Duarte, cardiologista especializado em
estimulação cardíaca da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o
dispositivo é uma grande revolução e aguardado há muitos anos pelos
especialistas.
Segundo o Dr. Duarte, o marca-passo é indicado para reverter
qualquer diminuição da pulsação cardíaca que põe a vida em risco. “O ser humano
nasce com o ritmo normal de 150 batimentos por minuto. Com o passar dos anos,
essa frequência costuma cair. Se chegar a menos de 50 batidas por minuto, pode
ser indício de bradicardia e merece atenção. No entanto, nem toda braquicardia
necessitará de reversão. É preciso considerar a rotina do paciente, se ele é um
atleta ou uma pessoa sedentária, para diagnosticar a necessidade de
intervenção”, explica.
A necessidade de implantação de marca-passos tem aumentado com o
envelhecimento da população. No Brasil ainda impera um falso conceito de uso de
marca-passo somente como última opção terapêutica. Se comparado aos países
vizinhos, Argentina e Uruguai, o número de implantes do país é significamente
menor, o que reflete diretamente no aumento de doenças cardíacas e óbitos.
“É importante ressaltar três pontos para conscientizar a
população. Primeiro, a maioria das mortes causadas por diminuição da frequência
cardíaca poderiam ser evitadas. Segundo, houve uma evolução no processo de
implantação de marca-passos, hoje em dia, já não precisa abrir a caixa torácica
e agora dispensará os cabos-eletrodos. Terceiro, o marca-passo não é um vilão,
muito pelo contrário, depois de implantado há uma melhora significativa na
disposição e qualidade de vida, além de prevenir fatalidades”, conclui o médico
da BP, hub de saúde reconhecido como um dos melhores do mundo em cardiologia e
um dos pioneiros no implante do Micra no Brasil.
O procedimento com o Micra foi realizado em outros países e tem
se mostrado muito seguro e com baixas taxas de complicações durante o
procedimento. O dispositivo é o mais revolucionário do mercado e, no Brasil, há
poucos especialistas aptos a implantar esse equipamento, que será introduzido
pelo acesso femoral. A inovação não está incorporada no rol da ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar) e nem no SUS (Sistema Único de Saúde).
Alerta
O cardiologista alerta para os sintomas de tontura, cansaço,
perda de desempenho físico, convulsões, desmaios ou até perdas da consciência.
São sinais que podem indicar braquicardia, com necessidade de implante de
marcapasso. Casos esses sinais sejam identificados, é preciso procurar
imediatamente um cardiologista especialista em arritmias cardíacas.
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