20/01/2022
O sistema de saúde vive em
constante pressão por maior eficiência e melhor controle de custos. Embora
algumas barreiras tenham sido quebradas nesses últimos anos, ainda existem
vários desafios a serem superados, muitos deles relacionados à falta de emprego
de tecnologia (na medida certa) para lidar com o elevado volume de informações.
As principais perguntas são: como os hospitais
têm trabalhado com a tecnologia para melhorar a disponibilidade
da informação para médicos, time de enfermagem, farmacêuticos, de forma a
aumentar a segurança do paciente? Como esta informação tem sido utilizada para
reduzir os custos dos tratamentos?
Nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), 15% da atividade e das despesas hospitalares são decorrentes de
eventos adversos. Os erros de medicação são uma das principais causas de lesões
e danos evitáveis nos sistemas de saúde: globalmente, o custo anual associado a
isto foi estimado em US$ 42 bilhões. Já no Brasil, R$ 10 bilhões foram
consumidos pelos eventos adversos, no ano de 2017, somente na saúde
suplementar, segundo a pesquisa mais recente do Instituto
de Estudos de Saúde Suplementar da Universidade Federal de Minas Gerais
(IESS-UFMG).
É nesse cenário que a tecnologia se apresenta como uma forte
aliada dos serviços de saúde. Não é mais possível imaginar uma instituição de
saúde segura sem recursos de suporte à decisão clínica (CDS “Clinical
Decision Support”). Hoje, o seu emprego está diretamente
relacionado à qualidade e segurança assistencial prestada ao paciente. Ela
ajuda a padronizar os processos e, ao mesmo tempo, viabilizar um atendimento
personalizado, diminuindo erros de diagnósticos e mantendo uma relação mais
humanizada. Sem o apoio da tecnologia, por exemplo, um farmacêutico clínico
passa várias horas do dia revisando prescrições, ou então, assim como médicos,
no caso de dúvidas, tem que recorrer aos livros.
Este tipo de recurso é também fator impactante no que tange à
redução de custos e sustentabilidade, que é o segundo maior objetivo de uma
instituição de saúde (o primeiro segue sendo a segurança do paciente, obviamente).
A tecnologia atualmente disponível já nos permite oferecer uma
ajuda efetiva para estes profissionais. Sabemos o quanto é importante que o
médico (durante o atendimento) e o farmacêutico também contem com o apoio de
uma solução que concatene e avalie um conjunto de informações, tanto sobre o
que está sendo prescrito, como a respeito das condições clínicas; exames mais
adequados naquele caso; previsão de alta; abordagens possíveis; dosagens;
alergias; duplicidades de drogas; interações medicamentosas; condições
genômicas alteradas etc.
Ferramentas de automação e soluções que empregam evidências
científicas são cruciais para viabilizar a fármaco segurança e a fármaco
economia. Trazer informações relevantes, com aprofundamento sob demanda,
validadas cientificamente, estruturadas e confiáveis são fatores para qualidade
e segurança, e acima de tudo, sustentabilidade, em especial em sistemas
públicos. Ou seja, assegurar simultaneamente aumento de qualidade e redução de
custos.
Tecnologias avançadas conseguem mapear todos os dados ao mesmo
tempo e ainda criar milhões de combinações, agregando capacidade analítica e
oferecendo as melhores respostas para a tomada de decisão do médico.
Obviamente, este tipo de transformação digital não é para todos. Inserir tecnologia
nas atividades apenas por modismo, sem objetivos claros e sem o apoio do corpo
clínico pode trazer muito desconforto, aumentar os custos e piorar a qualidade
da assistência. É necessário o autoconhecimento para se obter reais benefícios.
Em suma, as instituições de saúde precisam da tecnologia certa,
na médica certa. E é isso que irá responder aos desafios de segurança, custos e
de colocar o paciente, sempre, no centro de tudo.
Matheus Q. Barbosa é Gerente de Canais & Alianças para Medi-Span Clinical na Wolters Kluwer, empresa global especialista no fornecimento de informações profissionais, soluções e serviços para médicos e enfermeiros
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