28/07/2022
“Não pude ter o primeiro contato com minha bebê
quando ela nasceu, então, fazer o método canguru foi muito emocionante. Poder
carregar, sentir no colo pela primeira vez, mesmo com ela ainda na UTI e
entubada, não tem explicação, é um momento único”, conta emocionada Emanuelly
Cristinne Souza, de 24 anos, mãe da pequena Laura.
A bebê nasceu no Hospital Materno-Infantil de
Barcarena Dra. Anna Turan (HMIB), interior paraense, no último dia 15 de julho,
com apenas 29 semanas de gestação. Por se tratar de um prematuro, com muito
baixo peso e desconforto respiratório, Laura precisou ser entubada e
encaminhada diretamente para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo).
O Método Canguru é voltado para o cuidado
humanizado aos recém-nascidos e integra a participação de toda a família no
processo de tratamento. A prática consiste em manter o bebê prematuro e de
baixo peso, no contato pele a pele na posição vertical, junto ao colo dos
pais, por um tempo indeterminado e de livre escolha.
No Materno-Infantil de Barcarena, unidade do
Governo do Estado do Pará que atua como referência para gestantes de alto risco
na região do Baixo Tocantins, esse cuidado vai além da mãe, incluindo também
pai e avós.
“Enquanto prática humanizada dentro das UTIs, o
método estabelece uma estratégia biopsicossocial ao recém-nascidos e seus
familiares, promovendo a participação dos pais no cuidado do bebê, além do
contato pele a pele de forma precoce, mesmo naqueles em uso de ventilação
mecânica, como no caso da pequena Laura”, explica Nataliel Miranda, coordenador
da UTI Neonatal do HMIB.
Segundo o profissional, há inúmeras vantagens na
implementação dessa prática, como redução do tempo de separação mãe/pai e
filho, facilidade no estabelecimento do vínculo afetivo, estímulo ao
aleitamento materno, auxílio no controle térmico do recém-nascido, redução do
risco de infecção hospitalar, do estresse e da dor. “Favorece ainda a
estimulação sensorial protetora do bebê em relação ao seu desenvolvimento
integral e melhora a qualidade neuropsicomotora”, complementa Nataliel.
Alguns desses efeitos podem ser percebidos de forma
imediata, como lembra Emanuelly. “Quando ela estava comigo, senti diferença no
meu corpo, principalmente em relação ao estímulo do leite, que vazou bastante.
Além disso, apensar ser uma bebê agitada, ela teve um momento de calmaria
enquanto sentia o meu calor”.
Etapas do Método Canguru
A prática ocorre em três etapas e de forma
gradativa. A primeira começa ainda no pré-natal na gestação de alto risco, e
após a internação com o recém-nascido prematuro na UTI Neo. Os pais são
acolhidos e informados sobre o quadro clínico do bebê, as rotinas do setor e da
equipe. Durante a internação, os pais têm livre acesso à unidade e são
encorajados a tocar no bebê para, em seguida, colocá-lo na posição canguru.
Na segunda etapa, o bebê permanece de maneira
contínua com sua mãe ou pai, que participa ativamente dos cuidados. Com o ganho
do peso e a familiarização do contato no colo, os pais ficam mais seguros,
estimulando a permanecer com o bebê na posição canguru o maior tempo possível.
Já na terceira etapa, o bebê vai para casa, já com
a saúde estável. Com a orientação da equipe, os pais são estimulados a realizar
a manutenção do método até o bebê alcançar o peso adequado.
“É uma técnica humanizada que traz benefícios
clínicos muito significativos. Pode ser realizado de forma segura em bebês
entubados e já existem estudos e revisões que apontam de forma positiva essa
aplicação. Por isso, aqui no Materno-Infantil, a prática do método canguru é
tão fortalecida”, ressalta Lorena Portal, diretora Assistencial do HMIB.
O Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna
Turan é gerenciado pela entidade filantrópica Pró-Saúde e presta atendimento
100% gratuito por meio do Sistema único de Saúde (SUS). Em agosto de 2021, se
tornou o primeiro hospital da região do Baixo Tocantins a receber o selo Amigo
da Criança, concedido pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), Unicef
(Fundo das Nações Unidas para a Infância) e OMS (Organização Mundial da Saúde),
aos hospitais que realizam o cumprimento dos dez passos para o sucesso do
aleitamento materno.
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