16/09/2021 | 18:48
O III Fórum de Segurança
do Paciente, realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) no dia 16 de
setembro, debateu o que pode ser feito para que o ambiente hospitalar seja mais
seguro. Uma das conclusões foi a de que o médico pode ser um importante ator
para que a cultura da segurança seja implementada nos hospitais e demais
estabelecimentos de saúde. “Os debates foram muito produtivos e saímos daqui
com uma visão diferente, refletindo novos conceitos”, afirmou a coordenadora
adjunta da Câmara Técnica de Segurança do Paciente, conselheira Natasha
Slhessarenko.
Assista AQUI a íntegra dos
debates acerca da adoção de protocolos pelos hospitais.
Os caminhos a serem tomados para que sejam implementadas
políticas de segurança nos hospitais foram apresentados pela médica e
coordenadora do Núcleo de Gestão de Riscos e Perícia Médica de Unimed Vitória,
Rubia Mara Simões Martins. Ao falar sobre o tema “Segurança do Paciente Dentro
dos Hospitais Privados”, ela elencou uma série de medidas que os hospitais
devem adotar e afirmou que as instituições de alta confiabilidade incorporam em
seu planejamento estratégico a gestão de risco assistencial. “Temos de falar da
segurança do paciente. Não é porque não falamos, que o problema não existe”,
afirmou.
Papel do médico –
Em seguida, o coordenador Médico do Centro de Terapia Intensiva do Hospital
Israelita Albert Einstein, Antônio Capone Neto, responsável pela palestra
“Segurança do Paciente a Nível Nacional”, fez uma explanação sobre dados
internacionais e nacionais acerca dos eventos adversos. Segundo Capone, uma
pessoa morre por minuto nos Estados Unidos em decorrência de eventos adversos,
o que dá 300 mil mortes por ano. “Não temos dados brasileiros, mas segundo um
estudo da UFMG, um em cada 10 brasileiros sofre danos evitáveis durante a
hospitalização”.
Para Capone, o médico não pode ser responsabilizado sozinho pela
segurança do paciente, mas pode ser um direcionador na implantação da cultura.
“Temos de aprender com os erros, trabalhar em equipe e buscar o engajamento do
paciente e da família”, defendeu.
O 3º vice-presidente e diretor de fiscalização do CFM, Emmanuel
Fortes, destacou que a Resolução CFM nº 2153/2016,
que criou os roteiros de fiscalização nos hospitais, incluiu um tópico sobre
segurança do paciente e tem incentivado os Conselhos Regionais de Medicina
(CRM) a criarem câmaras técnicas sobre a questão. “O nosso trabalho é para que,
cada vez mais, essa seja uma preocupação da classe médica para, assim,
tornarmos o ato médico mais seguro”, afirmou.
Cirurgia Segura –
Para o cirurgião geral Alfredo Guarischi, o sucesso de uma cirurgia depende de
vários fatores, como a equipe hospitalar no pré e pós-operatório. “Também é
necessário conhecer o paciente e ter um diagnóstico preciso do problema”,
argumentou. Para Guarishi, todos perdem com os problemas adversos: o paciente,
os profissionais de saúde, os hospitais, a fonte pagadora.
Em seguida, o médico da Rede D’Or e professor aposentado da
Faculdade de Medicina da USP Carlos Eduardo Domene falou sobre a cirurgia
robótica. “Este é um tipo de procedimento seguro, que veio para melhorar o
processo cirúrgico. O bom cirurgião, assim como o bom médico, vai desempenhar
bem seu ofício, seja usando a robótica, ou não. Mas não haverá tecnologia que
faça um cirurgião ruim ficar bom”, argumentou.
O último palestrante foi anestesiologista do Hospital Sírio
Libanês Ênio Donizetti, que defendeu uma identificação correta dos medicamentos
como um item fundamental para a segurança do ato anestésico. Também é
necessário que haja uma boa comunicação entre a equipe que dá assistência ao
paciente. “Muitos dos problemas são decorrentes de falhas de comunicação e de
não submissão a regulamentos e protocolos”. Donizetti também denunciou que 5
bilhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a anestesia e cirurgia
seguras.
O evento também debateu a a segurança do ato médico no uso da telemedicina. LEIA a matéria e ASSISTA os debates acerca do tema
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