19/04/2022
Possíveis tratamentos para pacientes ambulatoriais com Covid-19
em fase inicial — apontados como uma intervenção precoce ao avanço da doença —
foram analisados e discutidos por sete sociedades médicas brasileiras. Dez
medicamentos e tecnologias foram avaliados e não tiveram eficácia e/ou
segurança comprovadas. Os resultados apontaram, em todos os casos, a
recomendação contrária ao uso dessas terapias. Entre as substâncias observadas
estão a azitromicina, budesonida, corticosteróides, colchicina, hidroxicloroquina
e cloroquina.
A
pesquisa, realizada por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Institucional do SUS (PROADI-SUS), contou com a participação de 37
especialistas de diferentes áreas médicas de todo o país. As atividades foram
coordenadas pelo grupo de trabalho do Hospital Moinhos de Vento, de Porto
Alegre (RS). A revisão sistemática dos dados apresentados resultou no artigo
‘Diretrizes brasileiras para o tratamento de pacientes ambulatoriais com
suspeita ou confirmação de Covid-19’, publicado no mês de março deste ano, na Revista
Brasileira de Doenças Infecciosas, um periódico científico bimestral de
relevância internacional.
“Conquistamos
algo incomum, que é conseguir a união de diferentes sociedades médicas na busca
de um consenso, traduzido nestas diretrizes. Isso foi muito importante para dar
uma resposta clara sobre o que fazer em relação aos pacientes com Covid-19 e,
principalmente, o que não fazer”, explica o médico epidemiologista Maicon
Falavigna.
Os
padrões internacionais para elaboração de diretrizes clínicas foram seguidos na
construção do guideline.
Mas o especialista destaca que, para além da literatura científica, o grupo
considerou também aspectos relevantes para o contexto brasileiro, como a
disponibilidade de medicamentos, a aceitabilidade das intervenções pela
população e pelos profissionais de saúde, e os custos associados.
O
texto científico foi elaborado com o intuito de orientar os profissionais de
saúde sobre o atendimento aos pacientes ambulatoriais com Covid-19,
“considerando a fragilidade das evidências disponíveis sobre o assunto e a
relevância que deve ser dada ao tema”, salienta a pesquisadora Verônica
Colpani, líder do projeto ‘Diretrizes’ do Hospital Moinhos de Vento. De
acordo com os pesquisadores, as diretrizes podem ser revistas, à medida que
novos tratamentos sejam desenvolvidos e avaliados.
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