19/04/2022
Quando Guilherme Kushida, de 32 anos, deu entrada no Pronto
Atendimento do Hospital Alemão Oswaldo Cruz com quadro de falta de ar e vômito,
acreditava que havia sido contaminado pelo SARS-CoV-2. Mas, os primeiros exames
já mostraram que o quadro era um pouco diferente e que seu coração estava
inchado, com um tamanho maior do que o normal.
O
ecocardiograma e a biópsia constataram a dilatação do músculo cardíaco, sem
causa determinada, e o paciente recebeu o diagnóstico de miocardiopatia
idiopática, doença que provoca o enfraquecimento da sua força de contração e
piora a circulação sanguínea, derivando para complicações, como arritmias,
coágulos, quedas de pressão e edemas pulmonares.
A
doença interfere principalmente no ventrículo esquerdo, importante câmara de
bombeamento do coração. “É essa a área responsável por mandar o sangue para o
corpo e, conforme o nível de comprometimento, o dano pode ser irreversível a
ponto de o paciente precisar de um transplante, como no caso do Guilherme”,
explica o Dr. Rafael Otto Schneidewind, cirurgião cardiovascular e um dos
líderes das equipes de transplantes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
A
Instituição retomou a realização desse tipo de procedimento e, nos últimos oito
meses, fez três transplantes cardíacos em pacientes com quadros extremamente
graves. Atualmente, a equipe é composta por dez pessoas, entre cirurgiões,
equipe assistencial e de captação de órgãos. O transplante de coração consiste
na substituição do coração por outro, vindo de um indivíduo que esteja com morte
cerebral, que não possua doença e alterações cardíacas e que seja compatível
com o do paciente que tem um problema cardíaco potencialmente fatal.
Segundo
o médico responsável pelo transplante de Kushida, o paciente apresentava uma
insuficiência cardíaca grave, com muita falta de ar e cansaço e um
comprometimento de 70% das funções do coração. Se não fosse diagnosticado a
tempo,
poderia evoluir para um choque cardiogênico grave, com risco de morte súbita.
Kushida ficou cerca de 120 dias na UTI e nesse período pré-transplante, fez uso
de drogas vasoativas e de balão intra-aórtico (dispositivo de assistência
circulatória mecânica) para manter o funcionamento do coração. Normalmente o
equipamento é usado por, no máximo 15 dias.
“Foi
uma surpresa para mim, pois eu não apresentava nenhum problema de saúde.
Inclusive era adepto de caminhadas e fazia academia e trilhas”, explica o
paciente que ganhou força extra para enfrentar a doença com as três visitas de
sua gata Mel. “Estar com ela e o apoio da família com as videochamadas foram
fundamentais para suportar a internação e esperar por um novo coração. Isso sem
falar do carinho da equipe assistencial. Ganhei novos amigos, adorava receber
visita e a atenção deles.” A realização da visita PET faz parte das ações de humanização
do Modelo Assistencial Hospital Alemão Oswaldo Cruz®, que coloca o paciente e o
familiar no centro do cuidado.
Realidade Aumentada no planejamento cirúrgico
Com
duração de cinco horas, o transplante foi realizado com a técnica tradicional
bicaval e após a cirurgia, a equipe médica usou a realidade aumentada para
avaliação do coração transplantado. Por meio desta tecnologia de ponta, os
exames de imagem são sobrepostos em cenários reais e permitem a visualizado do
órgão em 3D. O recurso oferece ao médico um detalhamento maior da cavidade do
coração.
O
software desenvolvido no Centro de Inovação e Saúde Digital da instituição
possibilita o acesso digital aos órgãos do paciente, além de permitir que o
cirurgião visualize lesões e identifique órgãos adjacentes que possam estar
afetados. Para visualização das imagens em 3D, o cirurgião conta ainda com a
tecnologia de óculos de realidade aumentada, que é totalmente “hands
free” (sem uso de controles), sendo comandada por voz e gestos das
mãos. “Além de trazer mais segurança para o paciente, com essa tecnologia o
cirurgião consegue fazer um planejamento cirúrgico ainda mais preciso”, afirma
o Dr. Schneidewind.
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