09/02/2022
Entre
os inúmeros procedimentos para reabilitar os doentes graves nas unidades de
terapia intensiva (UTI), um chama a atenção pelo grau de importância e
complexidade. Trata-se da nutrição parenteral, processo usado pela equipe
assistencial para alimentar os internados.
“Em geral, quando não existe a condição de usar o tubo digestivo
para alimentação, são preparadas soluções administradas diretamente na veia”,
explica Leticia Telles, gerente corporativa de Atenção Farmacêutica da
Pró-Saúde, uma das maiores entidades filantrópicas de administração hospitalar
do país.
A nutrição parenteral é um procedimento vital para a
reabilitação do paciente.
Ao contrário do que muita gente pensa, o gasto calórico do
paciente na UTI é bem maior se comparado ao corpo em atividade. “Nosso
organismo consome muita energia combatendo a doença. É por isso que,
normalmente, o paciente acaba perdendo peso muito rápido”, acrescenta Letícia.
Como é injetada direto na veia do paciente, sem filtro, a
nutrição por meio parenteral precisa ser 100% livre de qualquer agente externo.
Por isso, todo o preparo é feito um ambiente altamente protegido contra
bactérias e outros micro-organismos que podem afetar a saúde.
Ela é composta por proteínas, aminoácidos e vários outros
nutrientes indicados de acordo com a doença do paciente. Exames clínicos ou
laboratoriais apontam se o alimente está alcançando o resultado esperado ou se
precisa de ajuste.
Letícia ressalta os benefícios da nutrição parenteral na
reabilitação do paciente: “O procedimento tem como objetivo nutrir o paciente
crítico, auxiliando na sua melhora clínica, contribuindo para redução de infecções,
diminui a necessidade de antibiótico e até mesmo contribui para reduzir a
ocorrência de úlcera de pressão, comum em pacientes acamados”.
Nesse processo delicado de assistência ao paciente, o preparo da
equipe assistencial é um ponto de enorme atenção.
Um dos efeitos da pandemia — ainda presente nos hospitais — e o
chamado turnover,
ou seja, a rotatividade de profissionais. “Muitos contraíram Covid, o que
reduziu a equipe em experiente. Outros se diziam esgotados e se demitiam. A
rotatividade de profissionais que estão na linha de frente ainda é um problema
com o qual lidamos diariamente”, observa a gerente.
“Por isso, a promoção de treinamentos de profissionais deve ser
algo constante”, reforça.
Foi o que aconteceu com os 50 profissionais da assistência
farmacêutica e equipe multiprofissional de terapia nutricional (EMTN), que
atuam em hospitais gerenciados pela Pró-Saúde nas cinco regiões do país.
O treinamento, voltado para os profissionais de Farmácia Clínica
e equipe de Terapia Nutricional, foi realizado de forma online e
contou com a participação de Livia Maria Gonçalves Barbosa, especialista no
ramo.
O tema ganha relevância considerando que, em casos graves da
Covid-19, os pacientes apresentam maior risco de desnutrição devido ao longo
período de internação.
“Na prática, podemos tratar a nutrição parenteral como um
medicamento, que demanda habilidade e acompanhamento”, afirma Letícia. Ela
acrescenta que o treinamento teve como principal objetivo a reciclagem dos
profissionais envolvidos nesse processo, “para garantir a melhor assistência
beira leito e a administração correta”.
Diferentemente das refeições comuns, que são produzidas dentro das
unidades de saúde, a alimentação parenteral é um insumo fabricado por
fornecedores externos, como laboratórios de manipulação de fórmulas
parenterais.
“Por ser altamente perecível, é essencial que, a partir da
chegada na unidade, todo o manejo e administração no paciente seja correto e
eficiente”, destaca a gestora.
Agora, os profissionais que participaram do treinamento vão
compartilhar esse conhecimento para os demais membros das equipes.
Jaciana Coelho, supervisora de Farmácia Hospitalar que atua no Hospital
Regional do Sudeste do Pará (HRSP), em Marabá, destaca que o treinamento
contribui para a segurança dos pacientes que necessitam desse tipo de dieta.
“A capacitação possibilitou análise da prescrição, supervisão e
preparo. Muitos usuários necessitam desse tipo de alimentação, por isso é
fundamental que estejamos preparados para ajudar na assistência segura aos
pacientes”, comenta a Jaciana.
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