28/10/2021
Por meio do Programa de
Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) e
em parceria com o Ministério da Saúde, o Hospital Moinhos de Vento iniciou um
novo estudo de impacto internacional, o PROMOTE AVC. Com atuação inicial em
oito unidades de saúde de Porto Alegre (RS) – em parceria com a Secretaria
Municipal de Saúde -, o projeto irá avaliar se o uso de uma polipílula com a
combinação de medicamentos para controlar a pressão e o colesterol, isolada ou
associada à modificação do estilo de vida, é capaz de reduzir o número de casos
de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a taxa de demência em pessoas de 50 a 75
anos com baixo a moderado risco de doenças cardiovasculares. A segunda etapa
envolverá 60 unidades de saúde do SUS espalhadas por todas as regiões do país.
Serão avaliados pacientes, considerados relativamente saudáveis,
porém, que tenham pressão arterial sistólica limítrofe entre 120 e 139 mmHg e
que tenham, pelo menos, um dos quatro fatores de risco comportamentais que aumentam
as chances de desenvolver as doenças citadas, como excesso de peso, dieta
desequilibrada, sedentarismo e uso do cigarro. De acordo com Brunna de Bem
Jaeger Teló, neurologista cognitiva e líder operacional do projeto, os
participantes serão divididos em grupos com diferentes estratégias de
prevenção, como mudança no estilo de vida e monitoramento por meio do
aplicativo Riscômetro, desenvolvido pela Universidade da Nova Zelândia; ou
monitoramento pelo aplicativo associado ao uso da polipílula; apenas uso da
polipílula; ou apenas a mudança no estilo de vida.
“Muitas dessas pessoas que têm demência, declínio cognitivo e
AVC, poderiam ter evitado essas condições com mudanças em seu estilo de vida –
o que será um dos nossos maiores desafios. Por isso, o projeto conta com uma
ampla área de abrangência e foca na prevenção e em educar esses pacientes,
visto que vamos explicar a eles sobre os riscos, causas e como evitar. Em
relação aos impactos no SUS, além de possivelmente reduzir os casos de AVC,
vamos também avaliar o custo-efetividade para saber quanto economizamos ao
atuar com medidas de prevenção”, afirma.
Iniciativa HEARTS
Em paralelo à execução do Projeto PROMOTE, ocorrerá a
implementação da Iniciativa HEARTS, um programa assistencial da Organização
Mundial de Saúde/Organização Panamericana de Saúde, aderido esse ano pelo
Ministério da Saúde. O programa visa a otimização da assistência primária à
saúde para diminuir a incidência de doenças cardiovasculares, como Infarto
Agudo do Miocárdio e AVC. Essa otimização se dará por meio da adaptação do
sistema de saúde existente às melhores práticas segundo evidências clínicas e
também da capacitação das equipes, desenvolvimento de fluxos de atendimento e
tratamento dos pacientes.
Casos podem ser evitados
Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou
que 13,5 milhões de pessoas sofrem um AVC todos os anos no mundo, e já somam 80
milhões aqueles que sobreviveram a um AVC, enquanto 55 milhões convivem com
demência atualmente. Em setembro deste ano, a OMS alertou que estes casos devem
aumentar para 78 milhões em 2030 e 139 milhões em 2050. A agência internacional
associa, ainda, a demência a uma série de doenças e lesões que afetam o
cérebro, como doença de Alzheimer ou AVC, afetando a memória e outras funções
cognitivas, bem como a capacidade de realizar tarefas diárias.
Sheila Martins, idealizadora do projeto e chefe do Serviço de
Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, acrescenta que cerca
de um em cada dez pacientes com um primeiro AVC já tem demência no início do
evento e 30% terá demência após 1 ano.
“Embora sejam consideradas as segundas causas de morte e de
incapacidade mais comuns em todo o mundo, mais de 90% dos casos de AVC e 30%
dos de demência podem ser prevenidos com controle dos fatores de risco
cardiovasculares. O aumento do número destes casos em todos os países fornece
evidências de que, atualmente, as estratégias primárias de prevenção, que
incluem aquelas voltadas para a população de alto risco, não são
suficientemente eficazes. Acreditamos que a prevenção é possível por meio de
estratégias mais acessíveis implementadas na atenção básica e direcionadas à
população de baixo a moderado risco cardiovascular, ressalta.
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