15/10/2021
O Brasil já ultrapassa a marca de meio milhão de médicos, com
uma população profissional cada vez mais numerosa, jovem e feminina. É o
que comprova o último levantamento da Demografia Médica do Brasil, realizado
pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Em 2020, os homens representavam 53,4%
da população de médicos e as mulheres, 46,6% (cinco anos antes, os médicos
homens somavam 57,5% do total e as médicas, 42,5% e, há trinta anos, elas
representavam apenas 30,8%). Neste mês de outubro, quando se comemora o Dia do
Médico (18 de outubro), o debate sobre a igualdade de gêneros, quando se fala
também em cargos de liderança na Medicina, é lembrado pelas médicas intensivistas
Ana Luiza Valle e Marina Fantini. Aos 31 e 36 anos, respectivamente, elas são
sócias da empresa ECMO Minas e representantes do empreendedorismo feminino.
As
profissionais de saúde ressaltam que a presença feminina, além de um
fenômeno quantitativo, deveria também refletir em igualdade de salários e uma
maior presença no corpo docente das faculdades, nas associações representativas
e nos cargos de lideranças das entidades de saúde. “O aumento da presença
feminina no mercado de trabalho médico é uma grande conquista e motivo de
comemoração. No entanto, precisamos fortalecer e levar todo esse protagonismo e
essa ascensão também às funções de liderança no nosso segmento. Ainda é um
ambiente majoritariamente masculino”, opinam.
Mesmo
antes da pandemia de Covid-19, essas duas mulheres intensivistas (mais a
enfermeira Izabela Fernandes) trabalham dia e noite para salvar as vidas de
pacientes, em várias regiões do Brasil, com complicações respiratórias ou
cardiorrespiratórias. Participaram de forma ativa da formação do maior centro
de ECMO mineiro e foram pioneiras na estruturação de um serviço de ‘Ecmo
Mobile’ ao criarem a empresa ECMO Minas. O foco do atendimento é levar a
terapia a todos os pacientes, independente do local em que estejam. “É um
modelo de negócios diferenciado que mescla atendimento médico de ponta, alta
tecnologia e a ruptura das barreiras geográficas”, explicam.
Tudo
começou em 2014, quando a cardiologista pediátrica e cardiointensivista, Marina
Fantini, conheceu um recém-nascido que precisou passar por uma cirurgia, mas
acabou tendo complicações e não resistiu. O cirurgião, que o atendeu, explicou
que a criança teria sobrevivido caso tivessem ECMO no centro cirúrgico. “Esse
médico me disse que se tratava de uma terapia muito distante da nossa realidade
e que não valia a pena nem tentar”, conta. A história mobilizou a profissional
que, a partir daí, buscou especialização em outros países. Passou por uma
imersão em ECMO na Extracorporeal Life Support
Organization (ELSO), autoridade máxima no tema, que
regulamenta o uso da terapia no mundo. A diretora da ECMO Minas, também é
professora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG),
coordenadora dos departamentos de cardiologia pediátrica e ECMO da Rede Mater
Dei de Saúde, além do Centro ELSO de ECMO 814.
A
outra sócia, diretora clínica da ECMO Minas, Ana Luiza Valle teve a
oportunidade de vivenciar uma experiência em um dos maiores centros de terapia
intensiva do mundo, em Bruxelas, na Bélgica. Além de Research Fellow no
Hospital Erasme de Bruxelas, aperfeiçoou-se também junto ao grupo de ECMO da
Universidade de Toronto (Canadá), um dos berços da ECMO no Ocidente. Ela é
intensivista e doutoranda do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em ECMO adulto e
pediátrico pela ELSO, também atua nas UTIs do Hospital Mater Dei.
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