15/10/2021
“O que me faz chegar bem em casa é saber que hoje dei alta para o seu Aurélio, que estava há quatro meses internado no hospital. O que me faz acordar de manhã é pensar que tenho que ver como está a dona Etelvina, porque preciso saber o resultado de um exame importante. E não é apenas uma questão de obrigação, quero estar lá e ver meus pacientes voltando com saúde para casa”. Esse é o relato de Fernanda Proença Lepca, residente médica do Hospital Universitário Cajuru (HUC), instituição com atendimento 100% SUS localizada em Curitiba (PR).
Ela
compõe a parcela feminina de residentes, que no Brasil chega a 55% do total de
acordo com um estudo da Universidade do Estado de São Paulo (USP). Os números
impressionam: existem mais de 4 mil programas, 55 especialidades médicas e 59
áreas diferentes de atuação. Somente no HUC, são ofertadas mais de 50 novas
vagas por ano em 20 especialidades, com destaque para Clínica Médica,
Neurologia e Medicina de Família.
“Como
hospital-escola, temos o papel de unir educação, atendimento de qualidade à
população e pesquisa, por isso somos terreno fértil para o desenvolvimento
prático de profissionais recém-formados”, avalia a coordenadora da residência
de Clínica Médica do hospital, Larissa Hermann Nunes. “Nesses poucos meses,
vivi o período de maior aprendizado da minha vida. Já sou uma médica muito
melhor do que quando entrei”, confirma a residente Fernanda.
“Mais
do que uma profissão, uma doação diária. Com a formação de futuros médicos em
meio à Covid-19, não é diferente. Não somente no Brasil, mas nos quatro cantos
do mundo, a medicina e os hospitais tiveram que se desdobrar e se adaptar de
inúmeras formas. Por mais que tenhamos oportunidades de reconhecermos lições a
serem tiradas do momento em que estamos vivendo, a verdade é que os ‘filhos’ da
pandemia se tornarão médicos diferenciados”, indica o médico intensivista,
professor e diretor-geral do HUC, Juliano Gasparetto.
Tecnologia e humanização andam juntas
Dois
mil e quinhentos anos. Esse é o tempo que precisaríamos voltar se quiséssemos
assistir ao início da medicina embasada na ciência. Os experimentos de
Hipócrates davam luz à constatação de que os males do corpo eram consequência
de um desequilíbrio do organismo. De lá para cá, muita coisa mudou. Até metade
do século 20, os médicos passavam seus dias com maleta em mãos, de casa em
casa. Então as cidades cresceram, o conhecimento aumentou e a tecnologia
avançou. A maleta ficou pequena para tantos instrumentos e possibilidades da
profissão.
Em
2020, mais uma vez, a necessidade de reinvenção bateu à porta com a Covid-19.
“A inovação é o caminho para a cura e para a qualidade de vida de nossos
pacientes. Investimos em robôs para cirurgias, aplicativos para agilizar
consultas e em telemedicina para eliminar fronteiras, tudo isso, sem deixar de
levar treinamento e capacitação de ponta aos nossos médicos”, explica o gerente
médico do Hospital Marcelino Champagnat, Rogério de Fraga.
Apesar
da importância da tecnologia para o sucesso do cuidado, é preciso valorizar
sempre o fator humano. “A ciência tem as respostas técnicas, mas somos nós que
temos as respostas humanizadas. Esse acolhimento veio para ficar e, certamente,
as instituições mais responsáveis estão atentas a essas condutas,
incorporando-as às suas diretrizes assistenciais”, destaca o diretor-geral do
Hospital Universitário Cajuru, Juliano Gasparetto.
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